Veja o que é #FATO ou #FAKE nas entrevistas dos candidatos à Prefeitura de BH ao g1


Cinco candidatos participaram das entrevistas ao vivo para o podcast Gerais no g1: Carlos Viana (Podemos), Bruno Engler (PL), Fuad Noman (PSD), Mauro Tramonte (Republicanos) e Duda Salabert (PDT). Carlos Viana, Bruno Engler, Fuad Noman, Mauro Tramonte e Duda Salabert.
Montagem g1
Os cinco candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte mais bem colocados na pesquisa Datafolha de 22 de agosto participaram de sabatinas ao vivo no podcast Gerais no g1.
Entre os dias 26 e 30 de agosto, foram entrevistados Carlos Viana (Podemos), Bruno Engler (PL), Fuad Noman (PSD), Mauro Tramonte (Republicanos) e Duda Salabert (PDT). A ordem das sabatinas foi definida por sorteio.
A equipe do Fato ou Fake checou algumas declarações dos políticos. Leia abaixo:
Carlos Viana (Podemos)
“Nos últimos doze anos, Belo Horizonte perdeu quase metade das viagens das empresas de ônibus.”
Fake
g1
A declaração é #FAKE. Veja por quê: Foram realizadas 600.879 viagens pelo transporte coletivo convencional municipal ao longo de todo o mês de junho de 2024, de acordo com dados mais recentes da Superintendência de Mobilidade da capital. No mesmo mês de 2012, há 12 anos, haviam sido 716.299 — ou seja, uma redução de 16,1%.
Em junho de 2023, quando a Prefeitura ainda não destinava verba pública para ampliar o número de viagens, foram realizadas 573.405 — uma queda de 19,9% na comparação com 2012.
Procurado, o candidato alegou, por meio de sua assessoria, ter levado em consideração um “aumento populacional” e acrescentou que “não se pode pegar um dado populacional menor e comparar ao dado populacional maior”.
No entanto, de acordo com o Censo do IBGE, a população da capital mineira encolheu cerca de 2,5% entre 2010 e 2022, de 2,375 para 2,315 milhões.
O número de usuários de ônibus caiu cerca de 38,1%, de 38 milhões por mês em junho de 2012 para 23,5 milhões no mesmo mês de 2024, segundo a BHTrans e a Sumob.
“Metade dos moradores [de rua de Belo Horizonte] não são daqui.”
Fato
g1
A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com o Censo realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte e pela Faculdade de Medicina da UFMG em 2022 — o mais recente —, 5.344 pessoas viviam em situação de rua na capital.
Do total de moradores de rua, 43,7% são naturais de Belo Horizonte, enquanto 56,3% são oriundos de outras localidades. Entre aqueles que vêm de fora, 1,4% são de outros países, 32,9% de outros estados e 65,5% do interior de Minas Gerais.
Já o levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua (OBPopRua/POLOS), da Faculdade de Direito da UFMG, aponta que cerca de 13 mil pessoas em situação de rua vivem na cidade, mas sem o recorte sobre a origem delas. A pesquisa é de junho deste ano e foi feita com base nos dados do CadÚnico do governo federal.
A prefeitura, por sua vez, contesta e não reconhece os dados do OBPopRua/Polos. O Executivo argumenta que há cidadãos que se declaram moradores de rua no CadÚnico para adquirir benefícios, o que, para o município, acaba não refletindo o real cenário dos moradores de rua.
Bruno Engler (PL)
“Hoje, o principal sistema de gestão de trânsito aqui da capital é um sistema de 40 anos atrás, é um sistema da década de 1980.”
Não é bem assim
g1
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: De acordo com a BHTrans, o principal sistema utilizado na operação de tráfego em Belo Horizonte é o Mapa Operacional Digital Gráfico, denominado Sistema de Gestão da Operação (SGO). Trata-se de uma plataforma de 2011, que automatiza todas as informações de controle do trânsito.
Há, nos controles semafóricos, o uso do sistema operacional DOS (sigla para Disk Operating Systems), que é da década de 1980 e teve a última atualização em 2000. Entretanto, ainda segundo a empresa, essa plataforma é utilizada apenas em 2% dos semáforos da capital mineira, que já estão em processo de migração.
Procurado pelo Fato ou Fake, o candidato explicou que utilizou como base a tabela de um Edital de Licitação de 2021 que mostrava que, na ocasião, dos 688 controles semafóricos conectados ao COP-BH, 317 utilizavam o sistema operacional da década de 1980 (equivalente a 46%). Porém, a Prefeitura informou que, desde 2023, esses controles já estão funcionando no sistema operacional Windows.
“Hoje a gente tem [um efetivo] de menos de 2.500 guardas [civis municipais].”
Fato
g1
A declaração é #FATO. Veja por quê: O efetivo atual da Guarda Civil Municipal é de 2.490 agentes, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte.
O número está de acordo com a lei 13.022/2014, que prevê que cidades com mais de 500.000 habitantes não podem ter um efetivo superior a 0,2% da população. Na capital mineira, ainda segundo a legislação, o total de agentes não pode ser inferior a 1.500 ou superior a 4.631 oficiais, de acordo com o Censo de 2022.
Fuad Noman (PSD)
“Belo Horizonte é reconhecida pelo organismo da ONU como Cidade Árvore do Brasil e do mundo. Só 34 cidades do Brasil têm esse título”
Fato
g1
A declaração é #FATO. Veja por quê: Anualmente, municípios de todo o mundo são selecionados para o programa “Cidades Árvores do Mundo” (em inglês, Tree Cities of the World), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da ONG Arbor Day Foundation.
Em 2023, 34 cidades brasileiras foram reconhecidas com o título. O Brasil foi o segundo país com maior número de municípios agraciados, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em Minas Gerais, Belo Horizonte e Juiz de Fora receberam a honraria. No restante do país, há representantes de SP, PR, RJ, MS, AL, PB, AM e PE.
As cidades interessadas devem se inscrever no programa e satisfazer critérios previstos a respeito do manejo de florestas urbanas.
“Quem faz esse acompanhamento [da qualidade da água da Lagoa da Pampulha] é a Unesco. […] Em abril, ela mandou um ofício pra nós dizendo o seguinte: até agora, eu exigia que vocês fizessem o monitoramento anualmente. Tendo em vista o estado da água hoje, nós passamos esse monitoramento para cada seis anos”
Não é bem assim
g1
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: A decisão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco que elogiou a gestão da Prefeitura diz respeito a todo o Conjunto Moderno, não somente à qualidade da água da Lagoa.
A reunião do Comitê Mundial de Patrimônio sobre a Pampulha aconteceu em 2021 e, em junho de 2024, a delegação brasileira da Unesco enviou um ofício à Prefeitura informando sobre a Decisão 44 COM7B.64, formulada durante o encontro.
O documento elogia os esforços do poder público para conservação e manejo de todo o conjunto, citando também, por exemplo, as reformas da Igreja São Francisco de Assis e da Casa do Baile, e traz uma série de recomendações a serem seguidas.
O texto da decisão “reconhece o progresso na melhora da qualidade da água da Lagoa da Pampulha”, mas cita que ainda é um desafio, recomenda que esses esforços continuem e espera que tenham efeitos positivos a médio e a longo prazo.
A decisão, entretanto, não cita ampliação na periodicidade do monitoramento e solicita um novo relatório atualizado sobre a implementação das recomendações anteriores até fevereiro de 2022, o que foi feito e retificou as informações do relatório do ano anterior.
A apresentação de relatórios de monitoramento no ciclo de seis anos após a concessão do título para avaliação sobre o processo é um procedimento comum da Unesco, aplicado a todos os equipamentos considerados Patrimônio Mundial da Humanidade.
Mauro Tramonte (Republicanos)
“70% das pessoas que estão nas UPAs não precisavam estar lá. Elas poderiam ter sido atendidas nos centros de saúde”
Fato
g1
A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, cerca de 70% dos atendimentos realizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital são de usuários de baixa complexidade clínica, classificados como verde pelo Protocolo de Manchester (sistema de triagem de pacientes mais comum usado no Brasil).
Dessa forma, esses atendimentos poderiam ser prestados em centros de saúde (postos de saúde), que prestam assistência para casos menos graves e agudos e realizam consultas de rotina.
“Vamos reforçar a patrulha de proteção à mulher, à Lei Maria da Penha. […] Temos hoje oito guardas municipais para cuidar [da patrulha de proteção à mulher] de nove regionais.”

g1
A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, a Patrulha Guardiã Maria da Penha, da Guarda Municipal, tem um efetivo de 18 pessoas atualmente. Dessa forma, são, em média, dois guardas por regional.
Essa patrulha especializada foi criada em abril de 2023, com um efetivo de 12 pessoas.
Até a última atualização da reportagem, o candidato não havia se manifestado sobre a declaração.
Duda Salabert (PDT)
“50% do IPTU que você paga está indo para o bolso dos empresários de ônibus. […] Vamos arrecadar R$ 2 bilhões em IPTU, mas R$ 1 bilhão vai para os empresários de ônibus entregar esse serviço de péssima qualidade.”
Não é bem assim
g1
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: A prefeitura prevê, para 2024, cerca de R$ 2,03 bilhões de arrecadação com o Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), de acordo com o Portal da Transparência.
Contudo, a verba total prevista para subsidiar o transporte público por ônibus convencional ao longo do ano é de cerca de R$ 682 milhões, segundo a Superintendência de Mobilidade. Isto é, a verba destinada para as empresas de ônibus representa cerca de 34% — ou aproximadamente um terço — do total arrecadado com o tributo.
Questionada sobre os valores, a candidata explicou que incluiu na sua conta o financiamento previsto para 2023 com os R$ 512,7 milhões aportados pela Prefeitura em julho do ano passado para bancar o subsídio retroativo para o retorno temporário do preço da passagem para R$ 4,50.
No entanto, considerando o período entre julho de 2023 e junho de 2024, foram R$ 852 milhões de subsídio (R$ 512 milhões de 2023 e R$ 340 milhões de 2024) e R$ 2,052 bi de IPTU arrecadados (R$ 728 milhões em 2023 e R$ 1,421 bilhões em 2024).
Portanto, a verba para as empresas neste período representa cerca de 40% do total arrecadado com o tributo.
“A arborização é algo fundamental […] Em 2023, Belo Horizonte foi a capital que mais aqueceu no Brasil, 4°C acima da média esperada.”
selo fato
g1
A declaração é #FATO. Veja por quê: Utilizando dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres (Cemaden), do governo federal, monitorou o aquecimento dos 5.700 municípios brasileiros em 2023.
Entre as capitais, Belo Horizonte foi o município que registrou a maior temperatura acima da média, 4,2°C. Brasília (4°C) e Goiânia (3,6°C) apareceram em seguida.
O Cemaden explicou que o fenômeno El Niño foi um dos responsáveis por esse aquecimento. Quando considerados todos os municípios, 19 dos 20 que lideram o ranking são de Minas Gerais.
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