Conheça a cidade do Brasil onde tremores de terra são comuns

A cidade de Montes Claros (MG) tem registros de abalos sísmicos desde 1995Reprodução/Prefeitura de Montes Claros

Montes Claros, município do norte de Minas Gerais com cerca de 400 mil habitantes, tem registrado uma série de abalos sísmicos nas últimas décadas que despertaram o interesse de cientistas e a atenção de autoridades, principalmente com os residentes nas áreas de risco noscaso de tremores mais graves, aponta a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF).

Registros sísmicos realizados pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB) e pelo Centro de Sismologia da USP (IAG-USP) mostram que esses pequenos tremores de terra vêm ocorrendo no município desde 1995 – foram 41 eventos até o última atualização dos pesquisadores, em 2022.

A grande maioria dos tremores registrados tiveram magnitudes iguais ou superiores a 2,0 graus na escala Richter. O mais alto observado foi em 19 de maio de 2012, com 4,2 graus. Um morador do município, identificado como José Guimarães, estava em casa assistindo TV quando sentiu o abalo. 

Assim como muitos moradores, ele tem preocupações sobre o assunto. “Tá virando rotina aqui. Mas eu não me acostumo. Fico me perguntando se estão dizendo a verdade pra gente sobre o que está acontecendo. Não sei exatamente o que fazer. Mas, se pudesse, me mudava de mala e cuia para longe daqui”, explica à CODEVASF.

Preocupação

Danos causados pelo tremor de 2013, em Montes Claros (MG)Reprodução

Em 5 de março de 2022, um tremor de magnitude 2,3 foi registrado próximo ao distrito de Nova Esperança, na região noroeste de Montes Claros. Apesar de ser considerado de baixa intensidade, o evento causou apreensão na população. A informação foi confirmada pelo Núcleo de Estudos Sismológicos da Universidade Estadual de Montes Claros (NES/Unimontes) e pelo Obsis/UnB. É o último registro oficial do município até então.

Para a CODEVASF, quando os tremores acontecem o comportamento mais comum das pessoas é de sair para rua e buscar informações com a vizinhança, num clima de inquietação, insegurança e preocupação devido às incertezas de novos tremores.

Alguns dos abalos sísmicos que aconteceram no município causaram pequenos danos em casas, como o de abril de 2013, que atingiu magnitude 3,8 de acordo com o Obsis/UnB. Com o susto, mais de 200 ligações foram feitas ao Corpo de Bombeiros, apurou o Correio do Estado na época.

A intensidade e frequência dos tremores fizeram com que, em 2012, fosse instalada uma rede sismográfica no entorno da cidade de Montes Claros, com equipamentos distribuídos em locais de melhor resposta sísmica.

Ao todo são nove estações sismográficas: cinco sob a responsabilidade do Observatório Sismológico da UnB (SIS-UnB), e quatro do Departamento de Geofísica da Universidade de São Paulo – IAG/USP, conta a CODEVASF. O objetivo é observar o comportamento sísmico local e identificar as possíveis causas.

Por que a região é tão afetada?

A partir dos registros, os pesquisadores descobriram que os tremores em Montes Claros têm como causa uma falha geológica de um a dois quilômetros de profundidade, próxima ao perímetro urbano, na região Norte de Montes Claros, envolvendo o bairro Vila Atlântida e o Parque Estadual da Lapa Grande.

Análises indicam que se trata de uma “falha inversa cuja movimentação é causada por tensões geológicas naturais do tipo compressão”, diz a Companhia de Desenvolvimento do governo.

Neste estudo, os pesquisadores afirmam que tremores de magnitude 4,0 ou maior ocorrem, em média, duas vezes por ano no Brasil e, desta maneira, a atividade sísmica em Montes Claros não é incomum.

Os pesquisadores afirmam que não é possível prever se a atividade vai continuar diminuindo ou se haverá novo surto com algum tremor de magnitude superior a 4,0. Segundo a CODEVASF, o cenário mais provável é que a atividade diminua gradualmente com alguns tremores ocasionais de magnitude perto de 3,0. A probabilidade de ocorrer outro tremor maior é estimada em 1% (baseado em estatísticas de outros casos no Brasil).

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