Fusão entre Honda e Nissan racha antes mesmo de engatar a primeira marcha

A tentativa de fusão entre Nissan e Honda, que poderia criar a quarta maior montadora do mundo em vendas, chegou ao fim nesta quinta-feira (13), deixando a Nissan ainda mais vulnerável em meio à crescente concorrência das montadoras chinesas. O acordo, avaliado em US$ 60 bilhões, esbarrou em diferenças entre os grupos, principalmente na proposta da Honda de transformar a Nissan em sua subsidiária – algo que a empresa rejeitou.

Embora ambas as montadoras tenham afirmado que continuarão cooperando em tecnologia e inovação, analistas apontam que o colapso das negociações reforça a posição delicada da Nissan no setor automotivo global.

Divergências estratégicas e o fim das negociações entre Honda e Nissan

Anunciadas em dezembro, as negociações entre as duas maiores montadoras do Japão logo se complicaram, com divergências sobre o equilíbrio de poder na nova empresa. A Honda, que hoje se encontra em uma posição financeira mais sólida, queria manter o controle da operação conjunta, o que gerou resistência da Nissan.

Segundo fontes próximas às negociações, a Honda buscava liderar a fusão e tornar a Nissan sua subsidiária, uma proposta que levou ao colapso das tratativas. Além disso, a Mitsubishi, que faz parte da aliança da Nissan com a Renault, chegou a participar das discussões, mas também anunciou sua retirada nesta quinta-feira.

O presidente-executivo da Honda, Toshihiro Mibe, classificou o fracasso da fusão como “decepcionante”, mas afirmou que a montadora não descarta novas alianças no futuro, inclusive com outras empresas fora da Nissan e da Mitsubishi.

Nissan enfrenta dificuldades e acelera reestruturação

O encerramento das negociações aumenta a incerteza sobre o futuro da Nissan, que nunca se recuperou totalmente da crise gerada pela prisão e destituição de Carlos Ghosn em 2018.

A empresa cortou sua previsão de lucros para o ano fiscal pela terceira vez e anunciou um novo plano de reestruturação global, que inclui:

  • Fechamento de uma fábrica na Tailândia até junho de 2024;
  • Encerramento de operações em mais duas fábricas (ainda não divulgadas);
  • Corte de 9.000 empregos e redução da capacidade produtiva em 20%;
  • Possível redução de fábricas na China, onde já suspendeu a produção em Changzhou.

Concorrência chinesa e a busca por novos parceiros

A Nissan e outras montadoras tradicionais enfrentam forte concorrência das fabricantes chinesas de veículos elétricos, como a BYD, que rapidamente conquistou participação de mercado. O setor automotivo global passa por uma transformação impulsionada por novas tecnologias e pelo avanço da eletrificação, desafios que tornam parcerias estratégicas cada vez mais necessárias.

Sem um parceiro forte, a Nissan agora está aberta a novas colaborações. Uma das candidatas é a Foxconn, gigante taiwanesa de eletrônicos e fornecedora da Apple. O presidente da Foxconn, Young Liu, afirmou nesta quarta-feira (12) que a empresa está disposta a avaliar a aquisição de uma participação na Nissan, mas que seu principal objetivo é desenvolver colaborações na área automotiva.

Impacto no setor e perspectivas após fracasso na fusão entre Honda e Nissan

A fusão entre Nissan e Honda poderia ter representado um novo equilíbrio no setor, garantindo maior competitividade contra rivais globais e players emergentes da China. No entanto, o fracasso das negociações reforça a instabilidade da Nissan e levanta dúvidas sobre seus próximos passos.

O mercado de veículos elétricos cresce rapidamente, e os concorrentes chineses estão se movimentando de forma agressiva. A Honda tem uma posição forte e pode buscar outras alianças, mas a Nissan, que já enfrenta dificuldades, precisa urgentemente repensar sua estratégia”, avaliou Christopher Richter, analista da corretora CLSA.

Agora, com o setor automotivo passando por uma reconfiguração global, o desafio das montadoras tradicionais será se adaptar à nova realidade. A Nissan, sem um parceiro definido, terá que acelerar sua transformação para não perder ainda mais terreno.

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