Grandes potências perdem prazo da ONU para novas metas climáticas

Boa parte das maiores economias do mundo perdeu o prazo estabelecido pela ONU para definir novas metas climáticas, em um momento em que os esforços para conter o aquecimento global enfrentam desafios crescentes. O prazo expirou nesta segunda-feira (10), sem que países como China, Índia e União Europeia tenham apresentado seus planos para reduzir emissões até 2035.

O compromisso foi assumido por quase 200 nações no Acordo de Paris, que estabelece a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. No entanto, as ações implementadas até agora ficaram aquém do necessário para atingir esse objetivo. O ano de 2024 já registrou a primeira vez em que a temperatura média global ultrapassou esse limite durante um ano inteiro, o que aumenta a urgência por medidas mais ambiciosas.

“O público tem o direito de esperar uma forte reação de seus governos ao fato de que o aquecimento global já atingiu 1,5°C por um ano inteiro, mas não vimos praticamente nada de real substância”, afirmou Bill Hare, presidente-executivo do Climate Analytics, instituto especializado em ciência e política climática.

Entre os países que cumpriram o prazo e apresentaram novos planos climáticos estão Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Japão e Canadá. No entanto, há incertezas quanto ao compromisso de longo prazo dos EUA, já que o ex-presidente Donald Trump ordenou, no mês passado, a retirada do país do Acordo de Paris e o corte de gastos federais com energia limpa. A decisão, que representa uma mudança drástica na política ambiental americana, tem gerado preocupações sobre o impacto na cooperação internacional para combater as mudanças climáticas.

O chefe do clima da ONU, Simon Stiell, afirmou que a maioria dos países indicou que ainda apresentará seus planos ao longo de 2025, apesar do descumprimento do prazo inicial. Segundo ele, essas metas são essenciais para determinar como os governos poderão acessar parte dos US$ 2 trilhões investidos globalmente no ano passado em energia limpa e infraestrutura sustentável.

Na União Europeia, as políticas climáticas também enfrentam desafios internos. O chefe de política climática do bloco, Wopke Hoekstra, explicou que a agenda de formulação de políticas da UE não se alinhava com o prazo da ONU, mas garantiu que um plano será apresentado até a COP30, em novembro, no Brasil.

O atraso de grandes potências na definição de novas metas climáticas gera preocupações sobre o compromisso global com a redução de emissões e o avanço da transição energética. A falta de metas claras pode comprometer os esforços para frear o avanço das mudanças climáticas e intensificar os impactos de eventos extremos ao redor do mundo.

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