Fiocruz Amazônia apresenta projetos para fortalecer a Atenção Básica aos ribeirinhos

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) apresentou, nesta quarta-feira (5), dois projetos voltados à melhoria da Atenção Básica na região: “Começo Meio Começo” e “Diagnóstico das Unidades Básicas de Saúde na Amazônia Legal e Pantanal”.

Financiadas pelo Ministério da Saúde, as pesquisas foram discutidas durante o Encontro Nacional da Estratégia Saúde da Família Ribeirinha, realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM).

As iniciativas têm como objetivo qualificar profissionais de saúde e avaliar a estrutura das Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSFs) que atendem populações do campo, floresta e águas.

O estudo busca ampliar o acesso à saúde em comunidades ribeirinhas, garantindo assistência adequada em áreas remotas.

O projeto “Diagnóstico das Unidades Básicas de Saúde na Amazônia Legal e Pantanal”, conduzido pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa), com apoio do Laboratório de Situação de Saúde e Gestão do Cuidado de Populações Indígenas e outros grupos vulneráveis (Sagespi), investigará as condições de funcionamento de 43 UBSFs nos estados do Amazonas, Pará e Amapá.

O levantamento, que terá duração inicial de dois anos, será coordenado pelo pesquisador Rodrigo Tobias, da Fiocruz Amazônia.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participou do encontro e anunciou a ampliação de recursos federais para a contratação de profissionais, aquisição de veículos e fortalecimento das equipes da Atenção Primária. Atualmente, 311 equipes de saúde ribeirinha atuam em 86 municípios da Amazônia Legal.

Criada há 12 anos, a estratégia de Atenção Primária à Saúde Fluvial é exclusiva do Brasil e enfrenta desafios logísticos para manter o atendimento regular.

O estudo da Fiocruz Amazônia identificará gargalos, como a sazonalidade dos rios, a infraestrutura das embarcações e a fixação de profissionais de saúde.

As expedições para análise das UBSFs começam neste semestre e contarão com representantes da Fiocruz, Ministério da Saúde e instituições parceiras. O diagnóstico ajudará o governo a propor melhorias, como a reativação de embarcações, ampliação do atendimento e qualificação das equipes.

A coordenadora de Acesso e Equidade da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Lilian Gonçalves, destacou a importância das UBSFs para a oferta de consultas médicas, exames, vacinação e atendimento odontológico em comunidades isoladas.

“A efetividade desse modelo depende de um planejamento logístico robusto, capaz de superar desafios geográficos e estruturais da região”, afirmou.

Já o projeto “Começo Meio Começo” busca qualificar até 3,5 mil profissionais da Atenção Básica em municípios de oito estados da Amazônia Legal. A iniciativa resulta de uma parceria entre Fiocruz Amazônia, Ministério da Saúde e Rede Unida, e visa fortalecer a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, das Florestas e das Águas.

Desde junho de 2024, já foram realizadas formações presenciais e online para profissionais de saúde de Pará, Amapá, Maranhão, Acre e Amazonas. A próxima capacitação ocorrerá em Palmas (TO), entre os dias 13 e 15 de fevereiro, após o 3º Encontro de Educação Permanente para Facilitadores, em Manaus, nos dias 10 a 12 de fevereiro.

O projeto conta com a colaboração de diversas instituições acadêmicas, como UFAM, UFPA e UFOPA, além do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O financiamento ocorre por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado com o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, ressaltou a importância da articulação entre os órgãos envolvidos.

“Essa parceria é essencial para garantir um diagnóstico preciso e construir políticas públicas que ampliem o acesso à saúde na região”, afirmou.

O estudo também avaliará a navegabilidade dos rios e a adequação das UBSFs às variações sazonais. Algumas embarcações precisarão de adaptações estruturais para operar em diferentes períodos climáticos.

Segundo o pesquisador Rodrigo Tobias, a modernização das UBSFs pode incluir placas solares e internet via satélite para garantir o funcionamento contínuo das unidades.

“Será a primeira avaliação dessa estratégia de saúde desde sua criação, permitindo a formulação de políticas mais eficazes para garantir o acesso à saúde em regiões de floresta tropical”, afirmou.

As iniciativas da Fiocruz Amazônia buscam fortalecer a assistência básica na Amazônia e garantir que a população ribeirinha tenha acesso contínuo e de qualidade aos serviços de saúde.

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