Confiança do comércio cai e incerteza da economia sobe, mostram pesquisas da FGV

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Dois indicadores da Fundação Getulio Vargas mostram diminuição da confiança e aumento da incerteza na economia brasileira. O Índice de Confiança do Comércio (Icom), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), caiu para 89,3 pontos em janeiro. É o menor nível desde dezembro de 2023 (88,9) – em janeiro do ano passado, estava em 90,7. A permanência abaixo de 100 aponta ambiente de baixa confiança, segundo a pesquisa.

“A confiança do comércio inicia 2025 com sinal de alerta”, afirmou o economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre. “A nova queda do índice, influenciada pelos indicadores sobre o momento presente, indica uma piora na percepção dos empresários sobre a demanda.” Segundo ele, o indicador de expectativas, apesar de estável no mês, vinha em queda, “sugerindo que o início deste ano tende a ser diferente do observado em 2024, com desaceleração da atividade”. O cenário de incerteza, diz Tobler, está associado basicamente a três fatores: câmbio, juros e política fiscal. “O que limita as expectativas dos varejistas”, disse o economista.

A pesquisa da FGV está em linha com o Índice Nacional de Confiança (INC), divulgada nesta semana pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O indicador se manteve no campo positivo, mas perto do ponto de neutralidade. E também aponta sinais de desaceleração da atividade econômica, com inflação e juros em alta. Na última quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica em 1 ponto percentual pela segunda vez seguida, levando a Selic a 13,25% ao ano. O comunicado divulgado logo após a reunião indica nova alta da mesma magnitude no próximo encontro do colegiado, marcado para 18 e 19 de março.

NEGÓCIOS – Segundo o FGV Ibre, foi registrada queda em janeiro em três dos principais segmentos. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 5,2 pontos, para 90,8, menor nível desde janeiro de 2024 (89,7). Já as avaliações sobre a situação atual dos negócios variaram -5,9 pontos, para 91,2, menor nível desde outubro de 2023 (91,1). E o indicador que avalia o volume de demanda recuou 4,4 pontos, para 90,6, também no menor patamar desde janeiro de 2024 (88,1).

Entre o demais índices, o de Expectativas (IE) recuou 0,2 ponto para 88,3, mas com resultados diferentes entre seus componentes. O que mede as perspectivas de vendas para os três próximos meses subiu 1,9 ponto, para 90,3, na terceira alta seguida. E o de mais longo prazo, sobre tendência dos negócios nos próximos seis meses, caiu 2,2 pontos, para 86,7 – menor nível desde novembro de 2023 (85,5 pontos).

Também divulgado pela FGV, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) subiu 1,5 ponto no primeiro mês do ano e foi a 116,9 pontos, maior nível desde julho de 2022 (120,8). Em janeiro de 2024, estava em 109,1. “O indicador acumula alta superior a 10 pontos nos últimos três meses, influenciado pelo cenário fiscal e pela amplificação das incertezas externas em janeiro”, disse a economista Anna Carolina Gouveia, do FGV Ibre. “No front doméstico, há incertezas quanto à política fiscal e com relação aos rumos da inflação. No front internacional, as economias aguardam a definições relevantes por parte dos Estados Unidos nesses primeiros dias de governo Trump.”

O chamado componente de Mídia do IIE-BR subiu 3,5 pontos, para 116,7. Esse indicador é calculado com base “na frequência de notícias com menção à incerteza nas mídias impressa e online”. O outro componente, de Expectativas, “que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas”, caiu 7,1 pontos, para 110,6 pontos. Esse segundo item, segundo Anna Carolina, reflete “maior consenso sobre a trajetória da taxa de juros nos próximos meses”.

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