UBS BB expande atuação, mas cenário do mercado ainda exige atenção

O UBS BB tem comemorado seu melhor momento em 15 anos, impulsionado pelo crescimento na receita e na rentabilidade. No entanto, uma análise mais criteriosa revela que esse avanço está muito mais relacionado à sinergia da fusão com o Credit Suisse e à estratégia de reestruturação do que a um verdadeiro boom do mercado.

Segundo Alexandre Cracovsky, CFA, advisor de M&A na ADVISIA e professor da Link School, “o UBS BB como entidade só existe há quatro anos, e a fusão entre UBS e Credit Suisse há menos de dois anos”. Ele destaca que a união das operações trouxe ganhos estratégicos: “O UBS agrega expertise global em investment banking, o Banco do Brasil oferece capilaridade e influência no mercado local, enquanto o Credit Suisse reforça a atuação em private banking e wealth management”.

Crescimento impulsionado por dívida e reestruturação

O UBS BB registrou um aumento de 20% na receita em 2024 e prevê expansão de 30% no lucro líquido para 2025, impulsionado pela liderança em operações de dívida local e internacional e transações de M&A. O banco intermediou 209 operações de dívida local e capturou 25% do fluxo estrangeiro no mercado, consolidando-se entre os principais players do setor.

No entanto, Cracovsky pondera que esse crescimento está diretamente ligado ao atual ambiente de mercado, que tem favorecido operações de dívida e reestruturação. “O mercado de M&A, no Brasil e globalmente, encolheu significativamente em 2023. Segundo o TTR, o volume de fusões e aquisições caiu 25% no Brasil, enquanto a KPMG aponta um crescimento de apenas 5% em 2024 – mas sobre uma base fraca.”

Essa retração ocorre em um cenário de alto custo de capital e incerteza econômica, que levou empresas a priorizarem Consolidação Setorial, Distressed M&A (aquisição de empresas em dificuldades financeiras) e Desinvestimentos Estratégicos (venda de ativos para reforçar o caixa). “As empresas continuam postergando investimentos e fusões, e o mercado de dívida tem sido o grande protagonista”, explica Cracovsky.

Fusão com Credit Suisse trouxe novas oportunidades

A aquisição do Credit Suisse permitiu ao UBS BB expandir sua atuação em mercados estratégicos, como China, Índia e Filipinas, além de fortalecer sua base de clientes institucionais com a oferta de novos produtos, como market making e estruturação de opções e aluguel de ações.

Essa ampliação contribuiu para a valorização de 167% nas ações do UBS nos últimos cinco anos, consolidando sua presença global. No mercado americano, o banco já figura entre os dez principais players de investment banking, com a ambição de entrar no top 5.

Apesar dos avanços, Cracovsky alerta que o cenário ainda exige cautela: “O UBS BB soube capitalizar as oportunidades desse ambiente, mas isso não significa que o mercado esteja em seu melhor momento da década e meia. A grande questão é: será que o segundo semestre de 2025 marcará uma virada? Será que deixaremos de falar tanto em dívida para, finalmente, voltarmos a falar de IPOs?”.

O que esperar para 2025?

O futuro do UBS BB dependerá da evolução do cenário econômico global e da capacidade do mercado de M&A de recuperar sua dinâmica tradicional. Caso o custo de capital diminua e a confiança empresarial aumente, a tendência é que o setor volte a olhar para novos IPOs e fusões estratégicas.

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