Centrão no poder: o que muda no Congresso?

O Congresso brasileiro elegeu no último sábado (1º) os novos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, em uma votação que contou com o apoio tanto da base governista quanto da ala mais radical da oposição de direita.

Com uma vitória expressiva, Davi Alcolumbre (União-AP) foi eleito presidente do Senado, conquistando 73 dos 81 votos possíveis. Na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) saiu vitorioso com 444 votos de um total de 499.

Centrão no poder: o que muda agora?

Ambos fazem parte do chamado “Centrão”, grupo político que tem sido peça-chave na governabilidade do Brasil nos últimos anos. A ascensão de Alcolumbre e Motta reforçou o protagonismo desse bloco no Legislativo, levantando questionamentos sobre o impacto dessas escolhas na relação entre os Poderes e nas pautas prioritárias do Congresso.

Segundo o analista político Anderson Nunes, a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado foi resultado de um acordo entre os principais partidos, unindo forças do PT e do PL para eleger Hugo Motta e Davi Alcolumbre. “O PL e o PT votaram juntos para manter os nomes de ambos, consolidando um arranjo estratégico entre as legendas. Hugo Motta se tornou o deputado mais jovem a presidir a Câmara, com apenas 35 anos, enquanto Alcolumbre retorna à presidência do Senado com ampla maioria. A aliança entre os dois partidos evidencia a busca por estabilidade política e acordos que possam garantir governabilidade nos próximos anos“, avaliou Nunes.

Impasses à frente: divergências entre aliados

Apesar da aliança que viabilizou a eleição de Alcolumbre e Motta, há temas que prometem gerar atritos entre os aliados. Um dos principais pontos de discordância será a Lei da Anistia, que deve ser debatida com os líderes da Câmara. O PT defende uma postura mais favorável à medida, enquanto Alcolumbre já declarou que a anistia “divide o país”, o que indica que ele pode evitar levar o tema adiante.

Outro ponto de tensão é a possível alteração na Lei da Ficha Limpa, especialmente no que diz respeito ao período de inelegibilidade por abuso de poder econômico em eleições. Atualmente, esse prazo é de oito anos, mas há articulações para reduzi-lo para dois anos. Essa mudança poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros candidatos que enfrentam restrições legais para concorrer. Caso avance, essa modificação precisaria ser aprovada até o início de outubro, um ano antes das eleições legislativas.

Para Nunes, a relação entre os novos líderes do Congresso e o governo será marcada por negociações constantes. “Embora o Centrão tenha se fortalecido, divergências importantes podem emergir. Alcolumbre e Motta precisarão equilibrar interesses conflitantes para manter a governabilidade e garantir a aprovação de pautas relevantes“, concluiu o analista.

Ainda assim, Nunes destaca que o principal ponto dessa movimentação política é a pacificação entre os Poderes. “O interesse próprio deles existe, mas a cereja do bolo é que isso mostra uma pacificação entre os Poderes. E isso é muito importante para o nosso mercado financeiro, um mar que você consiga navegar com certa tranquilidade, sem ter certas surpresas“, finalizou.

Veja a entrevista na íntegra:

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