Morre ex-cartorário e ex-vice-presidente da FCF, Luiz Paulo Carneiro, aos 89 anos

Laguna amanheceu de luto neste domingo, 2, com o falecimento do ex-cartorário Luiz Paulo Carneiro, aos 89 anos, ocorrido na madrugada.

Filho do ex-prefeito Paulo Carneiro e de dona Ludinira Fonseca Carneiro, e pai do atual vereador Eduardo Nacif Carneiro (Pdemos), Luiz Paulo teve vida ativa na política, no esporte e na comunicação da cidade e do estado. Contador formado pelo extinto Colégio Comercial Lagunense, fez os estudos básicos em escolas tradicionais como Stella Maris, Ginásio Lagunense, Dehon e Catarinense, os dois últimos em Tubarão e Florianópolis.

Suas verdadeiras paixões, porém, estavam longe da contabilidade. Descrito como um verdadeiro desportista, desde cedo já demonstrava a inclinação que teria para as práticas esportivas. Na década de 1950, foi treinado por Newton Prado Baião no Palmeirinhas, um time que nos dias atuais seria considerado uma escolinha de atletas para o Barriga Verde, onde vestiu a camisa na década seguinte e foi estampa no álbum de figurinhas lançado em 1962. Ele também chegou a presidir o Periquito lagunense.

Ao jornalista Valmir Guedes Júnior, em 2014, o ex-jogador e bancário Alfredo Diás, o Babá, contou uma curiosidade: sua figurinha era a mais fácil de conseguir, mas a de Luiz Paulo não. “Sabe como é, filho do doutor Paulo Carneiro, prefeito de Laguna, presidente do Blondin, o Luiz Paulo era figurinha carimbada”, descreveu.

No futsal, também na década de 50, foi um dos primeiros atletas da quadra construída no Clube Blondin e após um amistoso em que venceram o Clube Doze de Agosto, da capital, por 4 a 3, o lagunense foi convidado a se juntar à seleção catarinense para um jogo contra o grupo paranaense em Curitiba, válido por um torneio nacional.

Transitou pelos mais variados esportes, o que rendeu a frase: “A meu ver, Luiz Paulo só faltou jogar pedra na vidraça dos vizinhos, mesmo assim tenho lá minhas dúvidas”, escrita por Jacques Bulos, em uma publicação no Jornal de Laguna, em 1997. Foi campeão de dominó em torneio estadual em dupla com Déo Palma e contabilizou participação nos Jogos Abertos de Santa Catarina.

O futebol esteve presente durante toda a vida do ex-cartorário, que, depois de pendurar as chuteiras, virou árbitro com atuação durante vários anos. O desempenho em campo lhe rendeu um convite para integrar os quadros da Federação Carioca de Futebol e, dada a sua presença desportista, foi vice-presidente sulista da Federação Catarinense de Futebol, entre 1992 e 1995, em um dos mandatos de Delfim de Pádua Peixoto (falecido na tragédia da Chapecoense, em 2016).

No esporte nacional, tinha como ídolo o Rei Pelé, do Santos, embora fosse torcedor do Flamengo-RJ. Por várias vezes, viajou pelo país para assistir às partidas importantes do rubro-negro carioca e rompeu fronteiras para ver jogos como quando foi para a Argentina acompanhar as partidas do Brasil em 1978, na Copa do Mundo.

Imagem rara dos anos 40, quando dom Jaime de Barros Câmara visitou Laguna. Os coroinhas são (da esq. para dir.): Mário José Gonzaga Petrelli, Márcio Fortes de Barros, Geraldo Amboni, Guido Amboni, Luiz Paulo Carneiro e Mário José Remor, com idades entre 12 e 14 anos.

Política, a segunda paixão

Luiz Paulo Carneiro também foi diretor-proprietário da antiga Rádio Garibaldi (atual Rádio Hiper) nos primeiros anos da década de 1970, até vender a emissora para o engenheiro Jacopo Tasso, que a comandou até 2015. Na comunicação, foi proprietário entre 1975 e 1979 do jornal Semanário de Notícias.

Em 1977, numa entrevista ao jornalista José Carlos Natividade, publicada dois anos após assumir o comando do Semanário, jornal que havia sido fundado por Nazil Bento em 1968 e que posteriormente foi encampado pelo Renovador (hoje Jornal de Laguna), disse que uma das razões para ter adquirido a gazeta foi “a necessidade de nossa terra ter o seu próprio órgão de informação; existia escassa cobertura nesse aspecto”.

Paralelo às funções de dirigente jornalístico, também foi dirigente partidário. Na década de 1970, foi presidente da Aliança Renovadora Nacional (Arena, hoje Progressistas) e foi cotado para ser candidato a prefeito na eleição de 1976, tendo abdicado em favor de Mário José Remor, vencedor do pleito pelo partido.

Envolvido com a vida social da cidade, foi um dos mais de 60 presidentes que o Rotary Club de Laguna teve em sua história, função que o pai também exerceu décadas antes. Foi ainda fundador e primeiro presidente do Laguna Moto Clube em 1997, uma ideia que saiu do papel com cerca de 20 anos de atraso, já que desde a década de 1970 era cogitada a criação de um clube de motociclismo no município.

Velório ocorrerá na Câmara

Segundo informação divulgada pela família, o velório de Luiz Paulo Carneiro vai acontecer na Câmara de Vereadores de Laguna, neste domingo, entre 9h e 16h. O sepultamento ainda não foi definido.

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