Como o governo Trump pode impactar o agro brasileiro?

A lista de propostas e promessas apresentadas o plano de governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos que tomou posse no último dia 20, pode impactar o agro brasileiro. Mas será positivo ou negativo?

Antes de responder a questão é necessário relembrar como foi o último mandato do republicano na Casa Branca. De forma geral, de janeiro de 2017 a janeiro de 2021, o agro brasileiro foi impactado positivamente com alta no volume de exportações – cerca de 7,7 milhões de toneladas, segundo o Agrostat, o sistema do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) que reúne estatísticas de comércio exterior do agro nacional.

O impacto positivo do governo Trump sobre o agro no Brasil tem relação com as sobretaxas que os EUA passaram a cobrar dos produtos chineses a partir de 2018. A medida levou ao aumento de vendas brasileiras de soja – o principal item de exportação do agro brasileiro – à China.

No entanto o desempenho positivo para o agro nacional, não significa que vá necessariamente se repetir no segundo mandato de Trump. Para entender como as novas políticas do republicano pode impactar o agro brasileiro a imprensa conversou com o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.

‘Pelo contrário, a gente entende que, talvez, uma dificuldade de comércio entre Estados Unidos e China pode beneficiar alguns dos nossos setores do agro’

Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar

Sobre as novas políticas de taxação e o impacto nos preços do alimentos e custos para os produtores, Antônio afirma que depende de quais produtos forem taxados. ‘O comércio mundial é livre, e a gente torce para que nada seja taxado, que todos os produtos tenham a menor taxa possível, tanto de importação quanto de exportação. Vale lembrar que o agro brasileiro é muito eficiente e, se deixarmos o livre comércio trabalhar de forma tranquila, a gente só tende a crescer’, ressalta.

De acordo com o presidente, a tendência é que o agro brasileiro cresça e fique ainda mais forte nos setores do complexo soja, de carnes, entre outros. ‘O que nós estamos vendo aqui no Brasil, especificamente, é uma retração da economia e problemas de preços e inflação. Mas, se os Estados Unidos crescerem de forma mais forte, nós temos a tendência de exportar mais e trazermos mais dólares para o Brasil’, explica. O café e o suco de laranja também são destaques promissores.

O problema que pode surgir e apontar uma possível desvantagem do governo Trump é a taxação do aço brasileiro, que já aconteceu no primeiro governo Trump. Segundo Antônio, o setor da silvicultura pode ser prejudicado por exemplo em Minas Gerais – que tem um maciço de mais de 2,4 milhões de hectares de florestas plantadas – ‘e esse setor pode sentir caso haja uma taxação do aço brasileiro. Vale lembrar que o aço brasileiro é o aço verde, talvez o único do mundo’.

Em janeiro de 2024, sob comando do governo Biden, a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC) revogou a sobretaxa de 103,4% sobre tubos de aço fabricados no Brasil e que são comercializados por lá. Tratava-se de uma medida protetiva que estava em vigor desde 1992. A ação foi positiva e beneficiou as empresas produtoras de aço em Minas Gerais — a maior produção do país que ultrapassou o Rio de Janeiro no ano passado.

Da Redação Na Rua News

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