BK’ narra seus sacrifícios e diamantes no novo disco “DLRE”: “me fortaleço para ajudar a minha comunidade”

BK
Foto: Bruna Sussekind

O rapper BK’, um dos nomes mais influentes do rap nacional, retorna com um projeto que transcende a música. Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer é um álbum de 16 faixas que mistura gêneros e estilos, enquanto propõe uma jornada de desapego, autorreflexão e celebração da brasilidade. Marcado por colaborações diversas e uma produção rica, o disco se firma como um marco na carreira do artista.

A versatilidade do álbum é um de seus maiores trunfos. Entre as participações estão nomes como Pretinho da Serrinha, que traz o samba em “Não Adianta Chorar”; o Fat Family, explorando o R&B, e MC Maneirinho no trap, além de samples de gigantes como Djavan e Milton Nascimento que reforçam o elo entre o rap e a música brasileira.

Complementando toda a narrativa apresentada nas canções, o álbum chega com um  registro audiovisual gravado na Etiópia, idealizado pela AKQA Coala.Lab e produzido pela Anonymous Content.

A transformação de BK’

Em entrevista ao TMDQA!, BK’ explicou que o processo criativo foi movido por seu amor à arte e sua capacidade de transformação pessoal. O título do álbum, como explicou o artista, simboliza os altos e baixos de sua jornada.

“Eu passei por muitas mudanças profissionais e pessoais que me levaram a abandonar o que me prendia. Esse disco é sobre deixar para trás rostos, lágrimas e medos para encontrar meus diamantes.”.

Esse conceito de desapego é explorado também no curta-metragem homônimo, que utiliza a metáfora das sociedades nômades para ilustrar a importância de abandonar o passado em busca de crescimento.

A experiência na Etiópia impactou profundamente BK’. Em Harar, uma das locações do filme, ele encontrou um cenário que o levou a reflexões sobre a força necessária para superar desafios. “Se eu tivesse ido antes, seria um outro projeto. Harar mexe muito com a sua cabeça, é um lugar com uma importância histórica imensa,” comentou o rapper.

O rap (ainda mais) nacional

Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer é uma ode à música brasileira. Samples de “Esquinas”, de Djavan, e a presença de vozes como as de Luedji Luna e Evinha dão ao álbum uma profundidade que conecta passado e presente.

“Nossa música é incrível. Cresci ouvindo outros gêneros e quero valorizar isso. Fazer esse resgate é importante para fortalecer nossa identidade”, afirma BK’. Essa conexão com a brasilidade não é apenas um elemento sonoro, mas também uma forma de afirmar a riqueza cultural do país dentro do rap.

Além das colaborações de peso, a produção reúne talentos como Deekapz, Sango e Kizzy. A escolha por sonoridades orgânicas e o uso de samples destacam o cuidado em construir um álbum que é tanto um experimento artístico quanto uma homenagem às suas raízes.

“Em ‘Icarus’ exploramos corais; aqui, queria explorar os samples nos refrães, conectando a narrativa com a nossa rica herança musical.”

Um olhar individual e coletivo

BK’ sempre equilibrou temas individuais e coletivos em sua obra. Seus últimos trabalhos exploravam a importância de um olhar plural para a concretização de um progresso em conjunto. Já em DLRE, o artista navega entre o egoísmo necessário para a autoafirmação e o olhar colaborativo que define o hip hop.

“O Tupac sempre foi minha referência. Ele trazia esse olhar para o coletivo, que é essencial no hip hop. Mas, neste disco, eu também mostro que é preciso agir por si mesmo antes de ajudar os outros. É um disco de autocuidado.”

Faixas como “Você Pode Ir Além” e “Ninguém Vai Tirar Minha Paz” capturam essa dualidade, explorando temas de autoafirmação e resiliência enquanto abrem espaço para reflexões mais amplas sobre comunidade e legado.

“Eu quero falar sobre algo do meu coração, sobre o que estou sentindo. O coletivo existe, mas precisava me fortalecer e dar alguns novos passos para voltar a ter esse olhar ao redor. Tem uma briga interna na narrativa, onde estou mais vulnerável nesse disco também e lutando contra isso.”

Os sacrifícios e diamantes

Como BK’ explica, a busca pelo sucesso tem um preço. De acordo com ele, Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer é uma obra que exige desprendimento, mas também coragem para abraçar o novo. 

“A música é egoísta. Quando você se dedica muito, você deixa coisas importantes de lado, relacionamentos que ficam para trás. Minha mãe é minha melhor amiga, mas demorou para ela entender minha sede por isso. Existem sacrifícios pessoais para se chegar lá.”

Essa honestidade permeia as faixas do álbum, que narram não apenas vitórias, mas também as lágrimas e perdas no caminho para o progresso. Apesar disso, ele reafirma seu compromisso com o fortalecimento de sua comunidade.

“Cada um sabe qual é o seu diamante que te ajuda a libertar. No meu caso, são vários. Eu tenho uma história forte com a minha família e amigos, então meu fortalecimento pessoal é para ajudar meu ciclo. Outro sonho que tenho é viver em paz comigo mesmo. Eu trabalho muito para alcançar esse alcançar lugar de paz. Como eu falo no disco, ‘Eu faço pelos crias o que o rap fez por mim’, então eu quero fortalecer minha comunidade.”

Como um dos maiores nomes do rap nacional, BK’ não apenas reafirma seu legado, mas também pavimenta o futuro do gênero no Brasil. 

Segundo ele, DLRE não é apenas um disco; é um manifesto sobre quem BK’ é agora e onde deseja chegar.

“Minha fase atual é de transição. Cada vez mais quero fazer um trabalho diferente e esse trabalho marca esse lugar para criar algo novo. Minha fase pessoal atual é de colher frutos, que começou a ser construído na época do Néctar, em 2013. Portanto, nessa colheita deve vir aquele diamante que eu almejo, que é a paz pessoal.”

Ouça o disco completo e veja o filme oficial de “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer” logo abaixo!

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