Relatórios da CGU apontam problemas em licitações de hospitais federais do Rio; sobrepreço chega a milhões

Em um dos casos, foi identificado um sobrepreço de R$ 11 milhões em uma compra. Relatórios da CGU apontam problemas em licitações de hospitais federais do Rio
Relatórios da Controladoria Geral da União apontam problemas em licitações de hospitais federais no Rio. Os possíveis sobrepreços em contratações passam dos milhões de reais. Em um dos casos, foi identificado um sobrepreço de R$ 11 milhões.
O Hospital Federal dos Servidores do Estado pretendia adquirir agulhas, bisturis, lâminas, entre outros produtos, em uma compra de R$ 26,5 milhões. No entanto, uma auditoria da controladoria que combate a corrupção identificou o problema e provocou a suspensão da compra, ao encontrar o sobrepreço milionário devido às falhas na pesquisa de preços.
Falhas como essa afetam o dia a dia da unidade, como mostrou o RJ2 na semana passada. Funcionários já relataram, por exemplo, falta de luvas estéreis e insumos como caneta de bisturi, gaze e compressa operatória.
Problemas em compras como essa também foram encontrados em outra unidade da rede, o Hospital Federal de Ipanema.
Outras duas auditorias da mesma Controladoria Geral da União identificaram falhas na pesquisa de preços em compras milionárias. A licitação que renderia o maior rombo nos cofres públicos era para a compra de aventais, ao custo de praticamente R$ 17 milhões.
Segundo o relatório, o que ajudou a inflar os preços da pesquisa de mercado foi um erro básico: uma das empresas interessadas informou à unidade que os itens cotados tinham um tamanho muito além do padrão de produção, o que encareceria excessivamente o material, sem agregar nenhum benefício. Na análise processual, a unidade não se manifestou a respeito.
Uma das empresas interessadas, antes de apresentar sua proposta, informou à unidade, por meio eletrônico, que os itens estavam sendo cotados com largura de 175 cm.
A empresa solicitou informações se haveria necessidade de uma largura tão acima do usual ou se aceitariam o tamanho padrão. Porém, na análise processual, não foi identificada qualquer manifestação do hospital. Nessa compra, o possível sobrepreço apontado pela controladoria seria de quase R$ 11 milhões.
A outra compra – também do Hospital de Ipanema – que só não terminou em prejuízo graças à CGU, seria para insumos de enfermagem.
Dos R$ 15 milhões que seriam gastos, quase R$ 6 milhões eram de sobrepreço. Ou seja, quase 40% do valor total iria pro ralo.
As auditorias, realizadas no fim do ano passado, só foram publicadas agora. Mas o material que deveria ter sido comprado ainda não foi.
“Aqui no Hospital dos Servidores permanecemos com falta de luvas cirúrgicas nos tamanhos pequenos. O tamanho grande está sendo fornecido em quantidade muito insuficiente. A gaze, a compressa cirúrgica também está vindo em quantidade insuficiente, muito pequena. Caneta de bisturi tem sido uma dificuldade grande e agora o jelco, que é um equipamento que utilizamos para realizar punção venosa nos pacientes, também está vindo em quantidade muito pequena e alguns números estão faltando”, diz uma funcionária.
O Ministério da Saúde disse, em nota, que os hospitais federais estão tomando as medidas necessárias para adequação e execução de novos processos licitatórios e negou que haja desabastecimento de insumos.
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