Há 40 anos, primeiro presidente civil era eleito pós-Ditadura

Neste mesmo dia 15 de janeiro, mas há 40 anos, um civil voltava a ser eleito como presidente da República, marcando o fim a um ciclo de 21 anos de governos militares, inaugurado em 15 de abril de 1964, com a posse de Humberto Castello Branco (Arena) como presidente após um golpe de Estado iniciado na madrugada de 31 de março.

O ano era 1985. No respaldo do movimento popular pelas Diretas Já, que pedia o restabelecimento do voto direto, o Brasil acompanhou uma nova votação indireta pelo Colégio Eleitoral com dois civis. O ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, escolhido após derrotar o ministro dos Transportes – e cidadão lagunense – Mário Andreazza nas prévias do PDS, o partido governista – antiga Arena e hoje Progressistas; e o governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, pelo PMDB com apoio dos dissidentes pessedistas, que faziam parte da Frente Liberal – posteriormente evoluída para PFL, hoje União Brasil. O ex-governador do Maranhão e dissidente do PDS, José Sarney, foi escolhido vice de Neves.

Em Laguna, a movimentação era acompanhada pela televisão e pelo que chegava através dos jornais. “Foi a última eleição indireta, mas lembro que a mídia mostrava que a população queria Tancredo e recordo dos discursos, parte deles, de figuras como ele, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola”, relembra a professora de História, Andréa Matos Pereira. Brizola, do PDT, então governador do Rio, e Guimarães, do PMDB, deputado e voz ativa de oposição ao governo militar, viriam a ser candidatos em 1989, na primeira eleição direta pós-Ditadura.

Também professor, Leonardo de Limas tem lembranças do sentimento vivido naquele ano de 1985. “Foi uma eleição que mobilizou o país inteiro, era um momento esperado para democratização do Brasil”, avalia.

Neves foi eleito com 480 votos, contra 180 de Maluf, mas não governou. Na véspera da posse, em 14 de março, foi internado às pressas e não se recuperou. Depois de várias cirurgias e transferência hospitalar para São Paulo, o ‘arquiteto da Nova República’ morreu na noite de 21 de abril. Sarney foi empossado presidente em definitivo e governou até 15 de março de 1990, quando passou o cargo para Fernando Collor de Mello, eleito pelo PRN, na votação de 1989.

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