Produção industrial recua em novembro e sinaliza estagnação

A produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em novembro em relação a outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o segundo mês consecutivo de retração, acumulando uma perda de 0,8% no período. O resultado, em linha com as projeções do mercado financeiro, reflete desafios no setor e aponta para um possível cenário de estagnação no curto prazo.

Em comparação com novembro de 2023, a produção industrial apresentou crescimento de 1,7%. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor registrou uma alta de 3,0%, impulsionada principalmente pela demanda aquecida e pela retomada gradual do crédito ao longo de 2024. No entanto, o economista Maykon Douglas alerta para os desafios à frente: “O aperto monetário pelo Banco Central, com a Selic projetada acima de 15%, deve colocar um freio no setor nos próximos meses.”

Categorias industriais sofrem queda; veículos e petróleo lideram perdas

Na análise por categorias, todas as quatro grandes áreas industriais apresentaram retração em novembro. O destaque negativo foi para bens de consumo semi e não duráveis, que recuaram 2,8%, seguidos pelos bens de consumo duráveis, com queda de 2,1%.

Entre os segmentos, o impacto mais expressivo veio da fabricação de veículos automotores, que caiu 11,5%, e do setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com recuo de 3,5%. Em contrapartida, o segmento de máquinas e equipamentos registrou crescimento de 2,3%, evidenciando uma performance diferenciada dentro de um cenário predominantemente adverso.

Crescimento em 2024 e base de comparação elevada influenciam resultados

A indústria acumulou crescimento de 3,2% no ano até novembro, destacando-se pela expansão na indústria de transformação. “Os efeitos da demanda aquecida e da retomada do crédito explicam o desempenho positivo em 2024, mas a base de comparação elevada contribui para a retração observada em novembro”, afirmou Maykon Douglas.

O economista reforça que, apesar do crescimento recente, há sinais de desaceleração. “A expansão acumulada da indústria parece se estagnar por ora. A política monetária mais restritiva deve impactar a atividade nos próximos meses.”

Perspectivas para o setor industrial em 2025

Com a continuidade do aperto monetário e o aumento dos custos de financiamento, as projeções para 2025 indicam um ambiente desafiador para a indústria brasileira. A recuperação de segmentos específicos, como máquinas e equipamentos, pode oferecer resiliência, mas o impacto generalizado da alta de juros e do custo do crédito tende a limitar o crescimento de forma mais ampla.

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