Vistoria do CRM-PA constata precariedade no PSM da 14 de Março, em Belém


No hospital, o mais antigo PSM da capital, são registradas 80 mortes por mês. Segundo o CRM-PA, o número e alarmante. De acordo com a Sesma, representa menos de 1% dos pacientes atendimentos. PSM Mário Pinotti, na tv. 14 de Março, em Belém.
Agência Belém
Uma vistoria feita pelo Conselho Regional de Medicina no Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti (HPSMMP), na segunda-feira (14), em Belém, constatou precariedade na infraestrutura, insalubridade no ambiente e uma média de 80 mortes por mês no mais antigo pronto socorro da capital. De acordo com o CRM, esse número de óbitos é acima do permitido. Já segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os óbitos representam menos de 1% dos atendimentos registrados mensalmente.
O acesso ao PSM segue restrito. Somente as fotos feitas na visita realizada pelo CRM dão uma ideia do interior do hospital. Os registros revelam móveis em péssimo estado, camas corroídas pela ferrugem, goteiras.
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A presidente do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA), Tereza Cristina Azevedo, diz que a constatação da precariedade do PSM acende um alerta sobre a crise da saúde pública na capital paraense. “Profissionais e pacientes enfrentam condições degradantes, e a alta taxa de mortalidade reforça a urgência de providências imediatas por parte do poder público”, denuncia.
Esta foi a terceira fiscalização realizada pelo CRM no local em um ano. O que foi coletado resultou em um relatório que agora será encaminhado ás autoridades.
CRM faz vistoria no mais antigo Pronto Socorro de Belém
Famílias relatam descaso
A equipe da TV Liberal conversou com parentes de pacientes do PSM. Com celular, eles fizeram imagens que demonstram a situação que prolonga pelos corredores da unidade, onde há várias macas e pacientes misturados.
Uma acompanhante, que não quis mostrar o rosto, reclama do atendimento recebido. Além da demora no diagnóstico, ela denuncia a falta de material hospitalar.
“É um absurdo! A gente tem que comprar material pra fazer curativo. Na ala 104, tem uma mulher com suspeita de ‘doença do macaco’. O governo, prefeitura, alguém precisa fazer alguma coisa. O corredor está cheio de pessoas morrendo, e eles dizem que não tem leito em hospital nenhum”.
Vindo de Viseu, interior do Pará, o irmão da Dalvane está internado há três dias com dor no ouvido. A suspeita é de um tumor, mas a confirmação só poderá ser feita por meio de um exame de biopsia.
“A gente pede por ajuda, que ele necessita. É um pai de família que está se acabando e ninguém faz nada. Eles dizem que não tem leito. A gente não tem condições de fazer essa biopsia. Eles falam que o pronto-socorro socorro não tem o suporte pra essa biopsia. Ele é um pescador. A gente é de Viseu, a gente precisa de ajuda!”, diz.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém informou que todas as unidades de saúde da capital foram encontradas, pela atual gestão, em condições críticas de deterioração, sem qualquer histórico recente de manutenção. Como unidade de urgência e emergência de portas abertas, o HPSM-MP integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e atende a todos que procuram o serviço, sem qualquer restrição, acolhendo pacientes não só de Belém, mas de diversos municípios do Pará, o que amplia significativamente sua demanda.
Quanto à estrutura física, a Sesma alegou que “o hospital está passando por melhorias pontuais, inclusive na Agência Transfusional, como parte do plano de requalificação da rede municipal de saúde”.
Sobre os salários dos profissionais, a Sesma negou que haja atrasos. Em relação à segurança, a Sesma informou que o hospital conta com o apoio permanente de dois agentes da Guarda Municipal de Belém, responsáveis pela vigilância do prédio.
Mortes
Quanto aos dados de atendimentos e mortalidade, entre janeiro e março de 2024, o Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti (HPSMMP) realizou um total de 35.134 atendimentos, sendo 10.854 em janeiro, 11.350 em fevereiro e 12.930 em março.
Nesse mesmo período, de acordo com a Sesma, foram registradas 79 mortes em janeiro, o que representa 0,73% do total de atendimentos no mês; 74 óbitos em fevereiro, correspondendo a 0,65%; e 101 óbitos em março, o equivalente a 0,78% do total registrado.
No primeiro bimestre de 2025, o hospital contabilizou 21.152 atendimentos — sendo 10.479 em janeiro e 10.673 em fevereiro. Nesse período, foram notificadas 81 mortes em janeiro, o que representa 0,77% dos atendimentos do mês, e 84 em fevereiro, o que corresponde a 0,79% do total de atendimentos.
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