Serviço Geológico do Brasil está em campo para atualizar mapa das áreas de risco em Manaus

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Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB) estão realizando um novo levantamento das áreas de risco em Manaus para a identificação de regiões vulneráveis a deslizamentos de terra e inundações.

A proposta do estudo é fornecer dados precisos para a prevenção de tragédias naturais, em colaboração com a Defesa Civil Municipal e outras entidades.

O pesquisador Marco Antônio Oliveira relata que, desde o último levantamento realizado em 2019, houve uma diminuição no número de áreas de risco.

Naquele ano, foram identificadas cerca de 600 áreas de alto e muito alto risco, mas, em 2025, a estimativa do pesquisador é que esse número tenha caído para cerca de 400.

A exceção, segundo Marco Antônio, são as áreas alagadas, que, apesar da redução em outras áreas de risco, não seguiram a mesma tendência.

“Apesar dessa diminuição, o número de áreas sujeitas a alagações provavelmente aumentará, já que muitas pessoas continuam morando em locais inadequados, como sobre os igarapés”, afirma.

Voçorocas urbanas

A proposta do trabalho de mapeamento vai além de identificar as áreas de risco; busca fornecer dados para implementar ações concretas de prevenção.

Marco Antônio lembra que áreas antes não classificadas como de “risco” podem surgir no levantamento seguinte do SGB. O pesquisador chama a atenção para a macrodrenagem da cidade.

“É preciso disciplinar as águas da chuva, que caem no telhado, escorrem pelo pátio das casas e geram as voçorocas”, alerta.

De acordo com o pesquisador, áreas mapeadas não afetam apenas os moradores diretamente atingidos pelas inundações e deslizamentos, mas também têm impacto em toda a cidade.

“Quando um igarapé é assoreado e não há uma boa macrodrenagem, a água da chuva vai acabar inundando áreas como a Torquato Tapajós, o que pode causar danos a toda a cidade”, explica.

Radares e sistemas de monitoramento X Eficácia

O mapeamento das áreas críticas em Manaus é realizado pelo Serviço Geológico do Brasil há 13 anos. Foi o próprio pesquisador Marco Antônio quem coordenou o primeiro estudo, quando era superintendente do CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).

Ele avalia que, ao longo do tempo, os dados poderiam ter norteado melhores ações.

“Não adianta ter radares e sistemas de monitoramento, se não houver ações concretas no terreno.”

“O poder público já tem conhecimento das áreas mais críticas. O mapeamento é feito desde 2012 e, em 2019, com um novo levantamento, além do de agora. As informações estão aí para todos, e é preciso agir”, avalia.

Como é feito o mapeamento?

O pesquisador explica como o mapeamento é realizado, na grande maioria das vezes, com apoio das prefeituras, como ocorre em Manaus.

“O levantamento das áreas de risco é feito diretamente no terreno, com uma abordagem prática. A gente procura identificar as áreas mais críticas, conversando com a população local e registrando as áreas mais problemáticas”, explica Marco Antônio.

O SGB usa ainda um modelo computacional, que define como “risco” encostas com alta declividade, superiores a 11 graus de inclinação.

“Essas áreas são então cruzadas com as ocorrências registradas pela Defesa Civil”, explica Oliveira.

Quanto às áreas alagáveis, o critério utilizado é a cota do Rio Negro, que, ao atingir 29 metros, é considerada uma cota de inundação severa, ou, havendo recorrência de três eventos de alagamentos e inundações em um intervalo de cinco anos, a área é considerada de “alto risco”.

A equipe de campo realiza um trabalho minucioso, percorrendo essas áreas para avaliar a situação local, verificando a vulnerabilidade das moradias e identificando indicadores de risco, como trincas e rachaduras nas paredes e no chão, além de cicatrizes de deslizamento de terra.

“Após essa análise, é feita a classificação do risco, que pode ser alto ou muito alto, e a espacialização do setor, acompanhada da documentação fotográfica”, detalha o pesquisador.

Oliveira também ressalta que, devido à dinâmica populacional intensa, com loteamentos e ocupações avançando sobre os terrenos das zonas norte, leste e oeste de Manaus, é necessário atualizar o mapeamento a cada cinco anos para garantir que novas áreas de risco sejam identificadas e monitoradas adequadamente.

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