As vendas da MRV (MRVE3) somaram R$2,17 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma variação positiva modesta de 1,7% contra janeiro a março de 2024, com o volume impactado por uma trava temporária nos repasses de programas regionais.
Segundo a construtora, 1.400 unidades não foram repassadas no trimestre em alguns programas regionais, em especial os da cidade de Manaus e dos Estados do Ceará e Rio Grande do Sul, que respondem por um valor geral de vendas (VGV) de R$320 milhões.
“A causa dos problemas já foi sanada e esperamos a regularização do ‘backlog’ ao longo do segundo trimestre”, acrescentou o grupo MRV&Co em sua prévia operacional.
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De acordo com o diretor financeiro do grupo, Ricardo Paixão, não fossem esses gargalos, as vendas em sua principal operação estariam perto do registrado no quarto trimestre do ano passado de R$2,6 bilhões.
Os lançamentos, por sua vez, somaram um VGV de R$2,89 bilhões no primeiro trimestre, crescimento de 81% ano a ano, conforme documento divulgado nesta terça-feira.
O consumo de caixa ajustado no período foi de R$48,3 milhões, contra uma geração de R$24,8 milhões um ano antes, impactado pelo “gap” entre as unidades produzidas e as unidades repassadas no trimestre, que representou cerca de R$110 milhões a menos de geração de caixa. Desconsiderando esses impactos, o segmento teria apurado geração de caixa ajustada de R$61,7 milhões no trimestre, disse o CFO à Reuters.
O grupo também considerou uma nova regra da Caixa Econômica Federal para o pagamentos das unidades repassadas como um outro impacto na geração de caixa da companhia.
A Caixa é a principal operadora do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), programa habitacional federal que passou por mudanças, incluindo a criação de uma nova faixa para a classe média, que atende famílias com renda mensal até R$12 mil e tem teto de R$500 mil para imóveis, e reajustes das faixas vigentes.
A MRV possui grande exposição ao MCMV e se beneficiará das medidas, segundo o diretor financeiro. “Terá um impacto muito relevante, tanto do aumento do poder de compra dos clientes… quanto em redução na nossa concessão de crédito”, disse, acrescentando que o “core” da companhia está nas faixas 2 e 3.
O estoque da MRV enquadrado na Faixa 4 do MCMV responde por cerca de 13% do total da companhia, disse Paixão, com um VGV de R$1,6 bilhões. Considerando o banco de terreno, a distribuição é de 4,2% do total, com um VGV de R$2,6 bilhões.
“Do faixa 4, a gente já tem mais coisa lançada, percentualmente falando, do que tem para lançar. Mas os dois somados nós temos R$4,2 bilhões à disposição”, afirmou.
Resia
A subsidiária norte-americana do grupo MRV&Co, Resia, encerrou o primeiro trimestre com um consumo de caixa de US$59 milhões, versus queima de US$53,8 milhões um ano antes, sem qualquer alienação de ativos neste início de ano.
Segundo Paixão, a empresa espera vender ainda neste trimestre o empreendimento Dallas West, localizado no Estado do Texas e 96% locado, que está em estágio avançando de negociação.
“Tem tudo para sair ainda dentro do segundo trimestre”, disse o executivo, prevendo também a venda de alguns terrenos nesse período.
Para o ano, a Resia ainda planeja vender os empreendimentos Rayzor Ranch e Ten Oaks, ambos localizados no Estado do Texas, e o Tributary, no Estado da Geórgia.
A operação multifamily da MRV&Co nos Estados Unidos tem como meta vender US$800 milhões em ativos até o final de 2026.