
O economista e ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, defendeu o congelamento do salário-mínimo por seis anos como uma das medidas para conter o avanço das despesas da Previdência Social, que, segundo ele, vêm se agravando de forma preocupante.
Apesar de reconhecer a dificuldade política da proposta, especialmente diante da resistência esperada do governo do presidente Lula, Fraga considera insustentável manter o salário-mínimo crescendo 2,5% ao ano nas atuais condições fiscais.
A proposta foi apresentada neste sábado (12/4), durante a Brazil Conference, evento organizado por estudantes da Universidade Harvard e do MIT, nos Estados Unidos.
Fraga afirmou que os gastos públicos no Brasil estão “completamente errados” e que é preciso repensar as prioridades fiscais.
Segundo ele, cerca de 80% das despesas primárias do governo estão concentradas no pagamento de aposentadorias, pensões e salários de servidores públicos. Para melhorar esse cenário, o economista defende uma ampla reforma no serviço público, com o objetivo de reduzir esse percentual para algo entre 60% e 80%.
Fraga destacou que o peso da folha salarial é elevado em todas as esferas — federal, estadual e municipal —, sendo ainda mais preocupante nos níveis regionais. Para ele, é fundamental reformar a gestão de pessoal, com foco em eficiência e valorização de quem realmente entrega resultado.
Além do congelamento do salário-mínimo, Fraga também propôs a redução de benefícios tributários que, atualmente, somam 7% do PIB.
A ideia é cortar 2 pontos percentuais desse total, o que, somado à contenção dos reajustes salariais, poderia gerar uma economia de até 3% do PIB. Segundo ele, esse ajuste fiscal permitiria ao país “virar o jogo”.
O economista também criticou o sistema de isenções no Imposto de Renda e defendeu mudanças nos regimes especiais. De acordo com ele, há casos em que pessoas de alta renda pagam apenas 5% de imposto, o que compromete a justiça tributária.
“Precisamos discutir isso com seriedade, arrecadar melhor, reduzir os juros e tornar o Estado mais eficiente”, concluiu o ex-presidente do BC.
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