
Nesta quinta-feira (3), o Ibovespa encerrou o pregão praticamente estável, com leve queda de 0,01%, aos 131.153 pontos, em um dia marcado por forte aversão ao risco nos mercados internacionais. Enquanto as bolsas globais desabaram diante das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o mercado brasileiro mostrou força relativa — impulsionado por ações cíclicas e pela leitura de que o Brasil saiu relativamente ileso do novo pacote tarifário.
Guerra comercial nos EUA pressiona mercados globais
O anúncio feito por Donald Trump de tarifas de até 30% sobre importações da China, Europa e outros parceiros comerciais gerou uma onda de pessimismo nos mercados. Nos EUA, o Dow Jones caiu 3,76%, o S&P 500 recuou mais de 4% e o Nasdaq afundou mais de 5% — puxado por gigantes da tecnologia como Apple (-10%), Amazon (-9%) e Meta (-8,7%).
Segundo Max Bohm, estrategista da Nomos, o mercado está reagindo a um risco concreto de desaceleração global:
“Um risco grande de recessão, preto no branco, é isso. […] O petróleo, que é o principal termômetro de uma atividade econômica robusta, caiu mais de 6% e puxou para baixo empresas como Petrobras e Prio. Isso é reflexo do medo de retração da demanda global.”
Brasil: a ‘grama’ que escapou da briga de elefantes
Apesar da turbulência, o Brasil ficou praticamente de fora das tarifas mais pesadas. A tarifa de 10% sobre produtos brasileiros corresponde exatamente ao imposto já aplicado por aqui sobre importações dos EUA. Isso foi visto com alívio pelo mercado.
“O Brasil sai mais forte no relativo — tanto contra países desenvolvidos quanto contra outros emergentes. Essa neutralidade nas tarifas coloca o Brasil em uma posição estratégica, inclusive podendo ampliar exportações para parceiros que deixem de comprar dos EUA”, avalia Max.
Essa percepção reforçou a atratividade de ativos brasileiros em um dia de fuga de capitais dos mercados desenvolvidos. O dólar, por exemplo, caiu 1,22%, fechando cotado a R$ 5,64, refletindo entrada de fluxo estrangeiro.
Petróleo e commodities pesam, mas ações domésticas sustentam o índice
Com o petróleo Brent caindo abaixo dos US$ 70, ações de energia e mineração puxaram o índice para baixo:
- PetroRio (PRIO3): -7,15%
- Petrobras (PETR4): -3,9%
- Vale (VALE3): -3,8%
Ainda assim, o Ibovespa se manteve estável, sustentado por ações cíclicas domésticas, com destaque para setores menos expostos ao comércio exterior:
- Aurem (AURE3): +7%
- Energisa (ENGI11): +5%
- Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11): +5%
- Eletrobras (ELET6): +1,15%
Sobre a Eletrobras, Max destacou:
“Hoje é uma empresa muito bem gerida, com uma equipe qualificada. Com a expectativa de venda de ativos não estratégicos e aumento na distribuição de dividendos, vejo a Eletrobras como a melhor opção do setor elétrico no momento.”
Oportunidade ou precaução?
Apesar da queda forte em setores como energia e mineração, Max Bohm recomenda calma ao investidor:
“Não é hora de vender. Essas empresas continuam gerando caixa mesmo com petróleo a US$ 60. Quem está posicionado deve manter. Não é um cenário catastrófico.”
Resumo do pregão – 03/04/2025
- Ibovespa: -0,01% (131.153 pts)
- Dólar comercial: -1,22% (R$ 5,64)
- Setores em alta: Elétrico, shoppings, varejo, construção civil
- Setores em queda: Energia, mineração, commodities
- Internacional: Nasdaq -5%, S&P 500 -4%, Dow Jones -3,76%
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