
Com a COP30 sendo realizada no Brasil, o governo federal tem investido na economia verde, mas garantir que os recursos se traduzam em ações concretas segue sendo um desafio.
Em evento promovido pela Amcham, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, abordou os avanços na política ambiental do país em 2024.
Capobianco destacou que, além de captar recursos, é fundamental garantir que esses valores cheguem ao setor produtivo.
O governo captou US$ 2 bilhões com Títulos Soberanos Verdes para o Fundo Clima e, em parceria com o BNDES, contratou R$ 10 bilhões para financiar projetos sustentáveis.
“Mostramos que, quando o governo age de forma articulada, há recursos disponíveis, apetite do setor privado e capacidade executiva para fazer isso chegar na ponta”, afirmou Capobianco.
Segundo o secretário, a forte adesão superou as expectativas e evidenciou o interesse do setor privado em iniciativas ambientais.
“Uma questão é captar recursos, outra é colocar isso na prática. Nós não só contratamos os R$ 10 bilhões, como temos R$ 12 bilhões no pipeline de demanda”, afirmou Capobianco.
Para Capobianco, o setor privado é essencial para que o Brasil atinja suas metas climáticas. Ele destacou que há interesse das empresas em investir na transição ecológica, mas alertou que apenas recursos financeiros não são suficientes.
“É necessário compromisso, interesse. O Brasil tem um enorme potencial de restauração florestal e, se soubermos transformá-lo em um negócio rentável, podemos nos tornar o primeiro país carbono neutro e, eventualmente, carbono negativo”, explicou.
O governo federal tem buscado viabilizar esse processo por meio de incentivos e regulamentações que garantam uma transição justa, conciliando desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
A perspectiva é de que, com a continuidade dessas políticas, o Brasil se posicione na liderança global da agenda climática.
Em 2024, o Brasil registrou uma significativa redução no desmatamento ilegal. Nos últimos dois anos, o país evitou a emissão de cerca de 600 milhões de toneladas de gases do efeito estufa.
Além disso, foram retomados 16 planos de adaptação climática e sete planos setoriais de mitigação, elaborados com participação da sociedade, setor privado e academia.
Outra conquista importante foi a aprovação da Lei do Manejo Integrado do Fogo e do mercado regulado de carbono, resultado de um acordo histórico entre os Três Poderes.
Pela primeira vez, o presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado, e o presidente do STF assinaram um pacto para viabilizar a transformação ecológica.
A lei permite um controle mais eficiente das queimadas, garantindo segurança ambiental e contribuindo para a redução de emissões.
Já o mercado regulado de carbono cria regras claras para a comercialização de créditos de carbono, incentivando empresas a adotarem práticas sustentáveis e impulsionando o Brasil rumo à economia verde.
Com investimentos e políticas estruturadas, o país tem a oportunidade de liderar a transição ecológica global, conciliando desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
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