“Cidades felizes não nascem por acaso, dependem de decisões conscientes, e não de sorte”

Charles Montgomery durante o Smart City Expo Curitiba 2025, discutindo como o design urbano pode transformar cidades em espaços mais humanos e felizes.

Um dos keynote speakers mais aguardados na terça-feira no Smart City Expo Curitiba 2025 foi o urbanista canadense Charles Montgomery, considerado um dos grandes pensadores da área na atualidade. Ele é conhecido mundialmente por sua abordagem inovadora sobre design urbano e felicidade.

Segundo ele, cidades felizes, com ambientes que promovem bem-estar, conexões sociais e, claro, a felicidade das pessoas, são resultado de escolhas urbanas conscientes, e não de sorte.

Autor do livro Happy City: Transforming Our Lives Through Urban Design (em português, Cidade Feliz: Transformando a Vida Através do Design Urbano), Montgomery propõe que o design das cidades vai além da funcionalidade — ele tem um impacto direto na qualidade de vida de seus habitantes.

Para ele, a construção de cidades que coloquem as pessoas no centro, em vez de priorizar apenas os carros, é essencial para criar ambientes mais saudáveis e felizes.

“Felicidade é uma infraestrutura”, defende Montgomery, sugerindo que, após termos supridas as necessidades básicas — como alimentação, moradia e segurança — o que mais impacta nosso bem-estar é a qualidade das conexões sociais.

Seu trabalho busca redesenhar os espaços urbanos para facilitar esses encontros, seja por meio de ruas mais acolhedoras, espaços públicos mais convidativos ou sistemas de transporte que tornem a vida mais integrada e acessível.

Design urbano como antídoto para a exclusão

“Após supridas nossas necessidades básicas, como alimentação, moradia e segurança, nada influencia mais a nossa felicidade do que conexões sociais”, costuma afirmar Montgomery.

Ele defende que cidades que colocam as pessoas no centro fazem mais do que embelezar os espaços: curam desigualdades, protegem os vulneráveis e reduzem o estresse cotidiano.

Em sua visão, priorizar pedestres, ciclistas e o transporte público é um passo básico para cidades mais saudáveis — mas também mais felizes. “Precisamos desenhar espaços seguros para mulheres, acessíveis para idosos, encantadores para as crianças e acolhedores para quem mais precisa de acolhimento.”

“Portanto, precisamos construir cidades que promovam encontros positivos. Isso significa ajudar as pessoas a passarem mais tempo juntas, criar espaços públicos que estimulem a vida social e priorizar a segurança dos mais vulneráveis. Precisamos de cidades onde todos se sintam bem-vindos e incluídos.”

Montgomery critica o modelo urbano tradicional, centrado no automóvel, e propõe soluções sustentáveis que valorizam pedestres, ciclistas e transporte coletivo. Cidades verdadeiramente inteligentes, em sua visão, são aquelas que acolhem — especialmente quem mais precisa ser acolhido.

Cidades com foco na felicidade

Além de escritor, Montgomery lidera o Happy City Lab, um projeto experimental que ajuda governos e instituições a transformarem suas cidades com foco na felicidade coletiva.

Sua abordagem é uma das mais alinhadas com a filosofia das Smart Cities: usar dados e comportamento humano como base para o planejamento urbano. No entanto, o que o diferencia é seu olhar sensível, que coloca a qualidade de vida acima da eficiência pura.

No Smart City Expo Curitiba, o urbanista compartilha suas ideias sobre como podemos transformar nossas cidades em lugares onde as pessoas se sintam bem-vindas e incluídas.

Ele sugere que, para criar cidades mais felizes, é preciso repensar a mobilidade, o uso do espaço público, a segurança e, principalmente, a inclusão social — um conceito essencial para quem deseja construir ambientes urbanos mais justos e equilibrados.

Montgomery acredita que, ao projetar cidades com um olhar voltado para o bem-estar coletivo, criamos ambientes onde as pessoas não apenas convivem, mas se conectam de forma mais profunda, gerando uma verdadeira sensação de pertencimento. E, em tempos de desafios urbanos globais, suas ideias se tornam mais urgentes do que nunca.

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