Isenção de IR até R$ 5.000 afetará Estados e Municípios; Governo fala em ‘compensação’

A proposta do presidente Lula de isentar de Imposto de Renda (IR) aqueles que ganham até R$ 5.000 mensais pode trazer grandes impactos para as finanças de Estados, municípios e Distrito Federal, a previsão é do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A medida, que será apresentada ao Congresso nesta terça-feira (18/3), tem o potencial de reduzir consideravelmente a arrecadação desses entes federativos, o que pode afetar seus orçamentos e serviços públicos.

Atualmente, a arrecadação do IRPF e do IPI, gerida pela Receita Federal, é compartilhada entre a União, os Estados e os municípios, conforme determinado pela Constituição.

Dos recursos arrecadados, 21,5% vão para os Estados, por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), e 24,5% são destinados aos municípios, por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Além disso, há repasses específicos para as capitais e alguns adicionais realizados em julho e dezembro.

Esses recursos são fundamentais para o funcionamento dos governos locais. Além dos repasses do IR e do IPI, Estados e municípios também ficam com o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre os salários dos seus servidores.

A proposta de isenção do IR para quem recebe até R$ 5.000 pode, portanto, reduzir a arrecadação de IRRF, além de diminuir o valor repassado pelo FPE e FPM.

Se o projeto for aprovado, os prefeitos e governadores terão que arcar com um aumento de gastos, já que a isenção resultaria em um aumento efetivo nos salários dos servidores públicos, que não mais teriam o desconto do IR.

Estima-se que as perdas para os cofres estaduais e municipais possam ultrapassar R$ 25 bilhões por ano, considerando tanto a redução na arrecadação do IRRF quanto nos repasses do FPE e FPM.

Embora Haddad, tenha afirmado que o governo federal compensará essas perdas, o valor exato ainda não foi definido.

As estimativas de impacto variam, com o governo inicialmente falando em R$ 35 bilhões e, mais recentemente, em R$ 27 bilhões, sem muitos detalhes sobre como os cálculos foram feitos.

Especialistas em tributação destacam que qualquer mudança na distribuição desses recursos pode afetar diretamente a autonomia financeira de Estados e municípios.

A redução das receitas próprias, principalmente com a isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000, exige um cuidado especial no planejamento de gastos e investimentos por parte das administrações locais.

Em resumo, a isenção proposta pode trazer benefícios para a população de baixa renda, mas também apresentará desafios significativos para os governos locais, que dependerão de compensações federais para manter o equilíbrio financeiro e continuar oferecendo serviços essenciais à população.

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