“Copom não deve antecipar magnitude do próximo ajuste” diz economista

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira (19) para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic), em um dos eventos mais aguardados pelo mercado financeiro. A expectativa é de que o Banco Central cumpra seu guidance e eleve a taxa em 100 pontos-base (bps), para 14,25% ao ano, em linha com o consenso dos analistas.

Próximos passos do Copom ainda são incertos

Embora o aumento de 100 bps já seja considerado um movimento dado, a principal dúvida gira em torno do tom do comunicado do Copom e da magnitude do próximo ajuste, previsto para maio. Maykon Douglas, economista, acredita que o Comitê pode evitar antecipar um novo aumento agressivo, mas ainda vê espaço para mais uma elevação de 75 bps na próxima reunião.

Segundo ele, dois fatores justificam essa visão:

  1. A valorização recente do real pode aliviar um pouco as projeções do Copom, mas não deve ser encarada como um movimento definitivo, dada a incerteza sobre a política econômica dos EUA e o cenário macroeconômico internacional.
  2. As comunicações recentes dos diretores do BC indicam que a autoridade monetária ainda está cautelosa em relação à desaceleração da atividade econômica, como já foi ressaltado na última ata do Comitê.

Inflação segue como preocupação central

O mercado segue atento ao comportamento da inflação, que ainda está distante da meta do Banco Central. Além disso, o hiato do produto continua positivo, indicando uma economia ainda aquecida, e a incerteza externa aumentou desde o início do ano, o que reforça a necessidade de manter a política monetária restritiva.

Para Douglas, esses elementos justificam a manutenção de uma postura mais dura do BC, com um balanço de riscos ainda assimétrico. “Não é o momento de abandonar a avaliação de que há mais riscos para a inflação do que para o crescimento econômico”, destaca o economista.

Impacto no mercado e na economia

O aumento da Selic já está precificado pelo mercado, mas o tom do comunicado do Copom será essencial para definir as apostas para as próximas decisões. Caso o BC sinalize um ajuste menor ou um possível fim do ciclo de alta, o real pode perder força e os juros futuros podem reagir de forma mais volátil.

A superquarta, dia em que tanto o Banco Central do Brasil quanto o Federal Reserve dos EUA anunciam suas decisões de política monetária, será um divisor de águas para o cenário econômico. Os investidores estarão atentos não apenas à Selic, mas também à postura do Fed, que pode influenciar o fluxo de capital para mercados emergentes como o Brasil.

Diante desse contexto, a decisão desta quarta-feira pode ser determinante para os rumos da política monetária nos próximos meses e para a trajetória da inflação e do crescimento econômico no país.

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