Escassez de profissionais qualificados avança no mundo e afeta Brasil e América Latina

A escassez de mão de obra qualificada tem se intensificado no Brasil e na América Latina, afetando setores estratégicos e limitando o crescimento econômico.

No Brasil, o setor de Tecnologia da Informação (TI) enfrenta um déficit anual de 106 mil profissionais, com projeções indicando uma lacuna de 530 mil trabalhadores até 2025.

Na indústria de transformação, 55% das empresas relatam dificuldades para contratar profissionais qualificados, segundo a Fiesp.

Já no setor de serviços, que está se consolidando como o maior empregador da região, estima-se que 70% dos jovens latino-americanos estarão empregados nessa área até 2030, um aumento de 10% em relação aos números atuais.

Esse movimento reduz a força de trabalho disponível para setores como agricultura e manufatura, aprofundando o descompasso entre demanda e oferta de trabalhadores especializados.

Cenário Global

A falta de trabalhadores qualificados se tornou um fenômeno global, afetando desde grandes economias como Estados Unidos e Alemanha até mercados emergentes como Índia e Brasil.

O “Relatório de Tendências Migratórias Globais de 2025”, da consultoria Fragomen, aponta que empresas ao redor do mundo enfrentam desafios crescentes para preencher vagas estratégicas, especialmente em tecnologia, saúde, manufatura e energia sustentável.

A mobilidade global, no entanto, está sendo impactada por fatores como aumento das taxas de imigração, políticas mais rígidas para concessão de vistos e o crescimento do risco geopolítico.

Enquanto alguns países estão facilitando a entrada de profissionais qualificados, outros endurecem suas regras migratórias, tornando o recrutamento internacional um desafio.

Principais países com escassez de profissionais

O levantamento aponta os mercados mais afetados pela falta de mão de obra e os setores mais demandados:

Nos Estados Unidos, a indústria de manufatura pode enfrentar um déficit de até 3,8 milhões de trabalhadores até 2033.

Além disso, a escassez de profissionais de saúde deve se agravar, podendo atingir 124 mil médicos até 2034.

No entanto, a entrada de estrangeiros para suprir essa demanda está sendo dificultada por regras migratórias mais rígidas.

Na Índia, a escassez de profissionais de tecnologia é um desafio crescente. O país pode precisar de 14 a 19 milhões de trabalhadores qualificados na área até 2026. Para amenizar essa carência, empresas estão ampliando esforços para atrair talentos estrangeiros.

Na União Europeia, a transição para a energia verde impulsiona a demanda por trabalhadores especializados. Apenas o setor de baterias precisará de cerca de 800 mil profissionais até 2025.

A Alemanha tem adotado programas específicos para atrair engenheiros, médicos e enfermeiros, incluindo brasileiros.

Já Portugal reduziu o orçamento para imigração, o que tem atrasado a concessão de vistos para trabalhadores estrangeiros.

O impacto da geopolítica e das barreiras migratórias

A crescente tensão política e econômica entre grandes potências influencia diretamente a mobilidade global.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o controle sobre vistos de trabalho se tornou mais rígido, dificultando a entrada de profissionais estrangeiros.

Já na Europa, apesar do aumento da demanda por trabalhadores qualificados, países como Portugal e Reino Unido têm adotado restrições na concessão de vistos.

Por outro lado, Alemanha e Canadá estão flexibilizando suas regras para atrair talentos estratégicos, especialmente em tecnologia e saúde.

Leia Mais

  • Ações contra erros médicos crescem 506% e batem recorde no Brasil em 2024
  • Como adaptar as práticas empresariais às novas exigências sobre saúde mental
Adicionar aos favoritos o Link permanente.