Violência contra mulheres atinge 37% das brasileiras com 16 anos ou mais em 2024

A quinta edição da pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Datafolha, revela um cenário preocupante: 37% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais foram vítimas de alguma forma de violência ou agressão no último ano.

Isso representa 21 milhões de mulheres que enfrentaram desde ofensas verbais até agressões físicas e sexuais.

Entre os tipos de violência mais relatados, as ofensas verbais atingiram 17 milhões de vítimas, representando 31% dos casos.

O stalking, que inclui perseguição e ameaças, afetou 8,5 milhões de mulheres, o equivalente a 16,1% das entrevistadas.

Já as agressões físicas foram relatadas por 8,9 milhões de mulheres, ou 16% do total. As ofensas sexuais alcançaram 5,3 milhões de vítimas, representando 10,7%, enquanto 1,5 milhão de casos envolveram a divulgação não consentida de fotos ou vídeos íntimos na internet.

A pesquisa também aponta que 40% das mulheres já sofreram algum tipo de violência física, sexual ou psicológica por parte de parceiro íntimo ou ex-parceiro ao longo da vida. Além disso, 23% das entrevistadas afirmaram ter sido agredidas fisicamente por um parceiro atual ou ex.

Principais autores da violência

Os principais autores da violência são parceiros íntimos, responsáveis por 40% dos casos, seguidos por ex-parceiros, com 26%.

Amigos ou conhecidos correspondem a 7,6% dos agressores, enquanto pais ou mães foram responsáveis por 5,2% das agressões.

Os casos ocorrem predominantemente dentro de casa, local onde 57% das vítimas relataram ter sofrido violência. A internet e as redes sociais aparecem em segundo lugar, com 11% das ocorrências, seguidas pela rua (5%), bares e baladas (3,3%) e o ambiente de trabalho (2,3%).

A vitimização das mulheres cresceu significativamente em relação a edições anteriores da pesquisa. Em 2017, 28% das mulheres relataram alguma forma de violência, enquanto em 2025 esse índice subiu para 37%.

O assédio continua sendo um problema grave, especialmente em espaços públicos e no ambiente de trabalho. O levantamento mostra que 40% das mulheres receberam cantadas e comentários desrespeitosos nas ruas, o que equivale a 23 milhões de vítimas.

No ambiente de trabalho, 20% das mulheres sofreram assédio, um total de 11,1 milhões de casos. A violência também se manifesta no transporte público, onde 15% das mulheres foram assediadas fisicamente, e em festas, onde 9% foram abordadas de maneira agressiva. Além disso, 4,4 milhões de mulheres relataram ter sido agarradas ou beijadas sem consentimento.

Violência testemunhada

A pesquisa aponta que 47% das mulheres que sofreram violência tiveram a agressão testemunhada por terceiros.

No entanto, apenas 25% procuraram algum órgão oficial para relatar o caso. Entre os motivos que impedem a denúncia, 36% das mulheres disseram não acreditar que a polícia poderia oferecer uma solução.

O medo de represálias foi citado por 13% das vítimas, enquanto 14% apontaram a falta de provas como barreira para a denúncia.

Muitas mulheres tentaram resolver a situação sozinhas, com 17,7% afirmando que não buscaram ajuda oficial. Apenas 14% das vítimas registraram a ocorrência em uma delegacia da mulher, enquanto 10% denunciaram em delegacias comuns.

O número de mulheres que ligaram para a Polícia Militar (190) foi de apenas 2,2%, e para a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), de 1,8%.

A vitimização atinge todas as camadas da sociedade, mas os dados apontam algumas características predominantes entre as mulheres que relataram ter sofrido violência.

Entre as vítimas, 64% são negras, 46% vivem em capitais e regiões metropolitanas e 53% residem em cidades do interior. A faixa etária mais afetada é entre 25 e 34 anos, representando 27% dos casos.

A pesquisa também analisou comportamentos abusivos dentro de relações íntimas. Muitas mulheres relataram ter passado por situações de controle coercitivo, como ser menosprezada a ponto de se sentir inútil, situação vivida por 31% das entrevistadas.

O controle sobre o celular ou computador foi relatado por 29% das mulheres, enquanto 30% afirmaram que o parceiro ou ex-parceiro já deu socos em paredes ou portas por raiva.

A proibição de trabalhar ou estudar foi imposta a 17% das mulheres entrevistadas, enquanto 16% disseram que seus parceiros ameaçaram se suicidar para manipulá-las emocionalmente.

A violência contra mulher no Amazonas

No Amazonas, a violência contra mulheres segue em alta. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, a taxa de feminicídios no estado foi de 3,2 por 100 mil habitantes, acima da média nacional de 1,9.

Manaus lidera os registros, com a maioria dos casos ocorrendo dentro de casa e tendo como principais agressores parceiros ou ex-parceiros.

Além disso, o estado registrou um aumento de 8,2% nos casos de estupro e estupro de vulnerável em relação ao ano anterior, totalizando mais de 1.400 vítimas.

A violência doméstica também apresentou crescimento, com um aumento de 7,5% nos registros de agressões físicas contra mulheres.

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