Pesquisa sobre inflação no Brasil não cobre todas as capitais; entenda por que Manaus está fora

Atualmente, a coleta de preços realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a construção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ocorre em 16 áreas metropolitanas, que incluem as cidades mais populosas.

A coleta ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília, Belém, Vitória, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Para a ex-presidente do IBGE, Wasmália Bivar, o fato de algumas capitais ficarem de fora do IPCA não altera significativamente a média nacional da inflação.

Por outro lado, a falta da pesquisa dificulta o acompanhamento dos preços nas cidades onde o IPCA não é calculado, avalia a economista.

Em Manaus, por exemplo, onde não há coleta do IPCA, utilizar os dados de Belém, outra cidade da região Norte, pode não refletir com exatidão a realidade do consumo local, destaca Wasmália, que é natural da capital amazonense.

A limitação na cobertura se deve a restrições orçamentárias e operacionais, além da complexidade envolvida na instalação de novas equipes para a coleta contínua dos preços.

Segundo o IBGE, expandir o índice exigiria recursos financeiros adicionais e profissionais especializados, o que atualmente não está previsto no orçamento do instituto.

Como o IBGE escolhe as cidades para o IPCA?

O IBGE define essas áreas com base na população urbana, estrutura de consumo e viabilidade operacional.

O objetivo é que o índice reflita a variação de preços enfrentada pela maioria das famílias brasileiras, cobrindo cerca de 90% da população urbana com renda entre 1 e 40 salários mínimos.

Além disso, as cidades selecionadas possuem padrões de consumo estáveis e representativos, conforme identificados na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

A inclusão de novas cidades exige equipes dedicadas à coleta de dados, treinamento especializado e estudos locais, fatores que demandam investimento e explicam a limitação da cobertura geográfica do IPCA.

As cidades de Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte foram algumas das primeiras a integrar o levantamento.

A expansão mais recente ocorreu em 2018, quando Rio Branco, São Luís e Aracaju passaram a fazer parte da pesquisa.

Mesmo com essa ampliação, ainda há 11 capitais brasileiras que não estão incluídas na coleta do IPCA.

Atualmente, Boa Vista, Cuiabá, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Velho, Teresina e Florianópolis estão fora da medição do IPCA.

Isso significa que a variação de preços nessas cidades não é considerada no cálculo oficial da inflação do Brasil.

A inflação pode ser diferente para cada consumidor

Mesmo nas cidades onde o IPCA é calculado, a percepção da inflação pode variar entre os consumidores.

O índice oficial leva em conta uma cesta de bens e serviços que representa o consumo médio da população, mas cada pessoa pode sentir a variação de preços de forma diferente.

Uma família que não consome carne vermelha e não paga mensalidade escolar, por exemplo, pode perceber uma inflação menor do que o índice geral, já que esses itens têm um peso significativo no cálculo do IPCA.

Da mesma forma, um consumidor que gasta mais com transporte pode sentir um impacto maior se houver reajustes no preço dos combustíveis.

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