Menos é mais: A equação para a produção de gado antes (e depois) da COP30, segundo a HealthForAnimals

No âmbito da produção do gado, sustentabilidade é fazer mais com menos.

Pelo menos, esse é um dos pilares defendidos pela HealthForAnimals, representante da indústria de saúde animal no mundo, e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal) para ampliar os lucros dos pecuaristas.

Na visão deles, seja para o pequeno ou grande pecuarista, a conta é simples: saúde animal + boas práticas na produção + genética + nutrição + gestão = lucro. E essa é a mensagem que o setor quer levar para a COP30.

“Não é um conceito fácil de entender para a sociedade no geral, mas se você conseguir 20 litros de leite ou 20 quilos a mais de carne do mesmo gado, você está usando menos recursos. Todos os animais sendo mais saudáveis significa que uma menor quantidade de gado consegue produzir a mesma quantidade de carne”, afirma Carel du Marchie Sarvaas, diretor executivo global da HealthforAnimals.

Sarvass ressaltou, em coletiva para jornalistas na terça-feira (11), que um animal saudável é mais produtivo, eficiente e sustentável, além de lucrativo para o produtor.

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) deste ano ocorrerá em novembro na cidade de Belém (PA).

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A importância da produção animal para redução das emissões

“A produção animal tem um papel a desempenhar na redução das emissões. Precisamos de toda a cadeia animal envolvida na discussão. O que podemos entregar? O que podemos fazer juntos? O Brasil será o centro do mundo para o clima por 12 dias. Estamos aqui para mostrar o quão importante é isso para o nosso setor”, Sarvaas.

Um estudo da Oxford Analytica de 2023 aponta que taxas mais baixas de doenças de gado reduziram as emissões de carbono em 800 milhões de toneladas, equivalente às emissões anuais de mais de 100 milhões de pessoas.

Fora isso, outra pesquisa recente aponta que a prevenção de doenças pode reduzir emissões em até 22,5% ao controlar PRRS (Síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos) em suínos ou 9,1% para febre aftosa em gado.

Ao longo dos últimos dias, foram realizadas reuniões com empresas do setor de saúde animal do Brasil para discutir as estratégias para a Conferência das Partes.

Na segunda (10), se reuniram os principais CEOs das indústrias do país, e na terça, entidades e empresas como CNA, Abrafrigo, Abiec, Seara, ABPA e Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável se juntaram ao debate.

“É preciso conversar com os stakeholders que estão envolvidos na cadeia para entender a mensagem que queremos levar para COP30. Precisamos lembrar que a COP não é o final, ela se pactua, conta com diversos debates e acordos, e depois isso segue. Uma pecuária mais sustentável é também mais lucrativa”, explica Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan.

O faturamento da saúde animal no Brasil

Segundo estimativas, no ano passado, o Brasil faturou cerca de R$ 12 bilhões apenas com produtos para a saúde animal. Desse total, metade (R$ 6 bilhões) corresponde a pecuária.

E o trabalho em sustentabilidade pode ajudar a aumentar esses números, mas para isso é preciso de ajuda do governo, aponta Salani.

“Se você estabilizar o rebanho em 200 milhões de animais, o investimento em saúde animal é de R$ 30 por animal/ano ou cerca de US$ 5 animal/ano. Tudo isso para produzir mais com menos. Precisamos de políticas públicas, de incentivos, de estabilidade, de um ambiente estável para poder trabalhar. Precisamos chegar no COP30 com informações diretas”, afirma.

O representante da Sindan aponta que o Brasil conta com 22% do rebanho mundial e até 16% da proteína, ao passo que os Estados Unidos contam com até 10% e produzem 30% da proteína. “Na COP30, precisamos usar da racionalidade. Não podemos falar coisas que não podem ser cumpridas”, completa.

O financiamento climático e a primeira carta da presidência da COP30

Para o diretor da HealthforAnimal, o destaque da primeira carta divulgada nesta semana ficou por conta do “mutirão” global convocado pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago.

“Eu já vi cartas como essas. Há cerca de 7 meses da COP você não pode dizer muita coisa. Gostei dessa questão do ‘mutirão’, do trabalhar em conjunto, isso é novo. E eu acredito que isso seja positivo”.

Em relação ao financiamento climático, a agricultura recebe apenas 4,3% do total, enquanto a pecuária recebe apenas uma fração desse valor. Para saúde animal, o valor fica em torno de 0,02%.

“Se você pensar que a pecuária produz entre 12% – 14% das emissões de metano, deveria haver um financiamento maior. A questão de onde vem esse dinheiro é realmente complicada. A produção de alimentos sempre foi um setor privado, mas se você olhar carros, aviões ou energia, há muito mais dinheiro indo para lá. Isso precisa mudar. O melhor uso do dinheiro resultará em mais resultados. O mesmo real vai gerar mais eficiência no nosso setor do que em outros”.

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