Mudanças climáticas afetam a capacidade das plantas de absorver CO², alerta estudo

A capacidade das florestas e solos de absorver dióxido de carbono (CO₂) – um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa – está em declínio, segundo um estudo recente realizado pelo Reino Unido e publicado na revista Weather.

Cientistas apontam que, em 2023, houve uma redução significativa na eficiência dos sumidouros naturais de carbono, tornando mais difícil conter os impactos das mudanças climáticas.

Historicamente, as florestas tropicais, boreais e solos ricos em matéria orgânica desempenham um papel essencial na regulação do CO₂, absorvendo até 30% das emissões globais geradas por atividades humanas.

No entanto, condições extremas como incêndios florestais, secas prolongadas e aumento das temperaturas estão comprometendo essa função vital.

Por que as plantas estão absorvendo menos CO₂?

Os sumidouros de carbono – que incluem florestas, oceanos e solos – sempre foram uma barreira natural contra o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

No entanto, eventos climáticos extremos e impactos ambientais têm afetado essa capacidade. Os principais fatores apontados pelos pesquisadores incluem:

  • Aumento das temperaturas: Com o calor excessivo, muitas árvores entram em estresse térmico, reduzindo sua capacidade fotossintética e, consequentemente, a absorção de CO₂.
  • Incêndios florestais: Queimadas cada vez mais frequentes, especialmente na Amazônia, Califórnia e Austrália, destroem grandes áreas de floresta e liberam milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera.
  • Secas prolongadas: Com a escassez de água, a vegetação reduz sua atividade metabólica para sobreviver, absorvendo menos carbono. Além disso, solos secos liberam mais CO₂ devido à decomposição acelerada da matéria orgânica.
  • Redução da absorção pelos oceanos: O aquecimento dos oceanos impacta diretamente a capacidade do fitoplâncton – microrganismos marinhos responsáveis por capturar carbono – de realizar fotossíntese e sequestrar CO₂ da atmosfera.

Efeitos diretos para o clima global

Se essa tendência persistir, as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris podem ser comprometidas, dificultando a contenção do aquecimento global abaixo de 1,5°C até o final do século. Além disso, os impactos incluem: Aumento das concentrações de CO₂ na atmosfera, acelerando o aquecimento global; Desequilíbrio ecológico, com impactos sobre a biodiversidade e extinção de espécies vegetais e animais e Redução da produtividade agrícola, devido a variações bruscas no regime de chuvas e aumento de eventos climáticos extremos.

Especialistas alertam que, sem ações eficazes para reduzir as emissões e fortalecer estratégias de reflorestamento e proteção ambiental, árvores e plantas podem passar de absorvedores a emissores de CO₂, agravando ainda mais a crise climática.

Soluções e alternativas para reverter o cenário

Para mitigar essa redução na absorção de CO₂, cientistas e ambientalistas defendem: roteção e recuperação de florestas nativas, evitando desmatamentos ilegais e incêndios; Expansão de práticas agroflorestais, integrando a produção agrícola à conservação de carbono no solo; Investimentos em captura e armazenamento de carbono (CAC), tecnologias que ajudam a reter CO₂ diretamente da atmosfera e Redução das emissões industriais, com a adoção de energias renováveis e corte na queima de combustíveis fósseis.

A redução da capacidade natural de absorção de CO₂ é um sinal alarmante da crise climática. Se não houver uma resposta global para conter esse declínio, os impactos sobre o clima, ecossistemas e segurança alimentar podem ser irreversíveis.

Governos, empresas e sociedade precisam adotar medidas urgentes para proteger os sumidouros de carbono, garantindo que a Terra continue sendo capaz de regular naturalmente os níveis de CO₂ e minimizar os efeitos das mudanças climáticas.

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