Dólar inicia pregão com inflação no Brasil e nos EUA no radar


No dia anterior, a moeda norte-americana teve queda de 0,68%, cotada a R$ 5,8116. Já o principal índice da bolsa de valores caiu 0,81%, aos 123.507 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar inicia o pregão desta quarta-feira (12) com os mercados na expectativa pelos novos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto ainda repercute os impactos do “tarifaço” implementado pelo presidente americano Donald Trump.
Por aqui, a expectativa do mercado é que a inflação apresente uma forte alta na medição de fevereiro, com avanço de 1,30%, em média, impulsionada principalmente pelos preços dos alimentos. Em janeiro, a inflação foi de 0,16%.
Já nos EUA, as projeções apontam para uma alta de 0,3% também em fevereiro, mas uma desaceleração em relação ao aumento de 0,5% observado no mês anterior.
Esses dados de inflação são observados com atenção por investidores internos e externos porque podem trazer novas pistas sobre a postura que os bancos centrais dos dois países devem adotar em relação à condução das taxas de juros nos próximos meses.
E a política tarifária de Trump continua gerando cautela nos mercados, que temem que as diversas taxas anunciadas pelo presidente no último mês possam gerar uma maior pressão inflacionária nos EUA, além do receio de que a maior economia do mundo possa viver um período de recessão.
Nesta quarta, entraram em vigor as tarifas de importação de 25% sobre o aço e alumínio que chegam aos EUA de todos os países. Em abril, outras taxas devem começar a valer, como as sobre produtos agrícolas e as tarifas recíprocas.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,68%, cotada a R$ 5,8116.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,37% na semana;
queda de 1,77% no mês;
perdas de 5,96% no ano.

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Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,81%, aos 123.507 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
recuo de 1,22% na semana;
alta de 0,58% no mês; e
ganho de 2,68% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
O destaque deste pregão ficou, mais uma vez, com o noticiário internacional. Após o que foi chamado por especialistas de um “dia sangrento” para os mercados globais nesta segunda-feira, em meio a temores de que uma recessão dos EUA poderia vir adiante, os investidores estavam mais ponderados na sessão desta terça-feira.
Parte do alívio veio após a Ucrânia concordar com um cessar-fogo imediato de 30 dias com a Rússia, o que pode ser positivo para o mercado de commodities.
Ainda assim, analistas continuam a soar o alarme de que os mercados serão penalizados diante do alto nível de incertezas com a política tarifária intermitente de Trump.
“A incerteza e a volatilidade continuam neste mercado”, disse Mona Mahajan, chefe de estratégia de investimentos da Edward Jones, à Reuters. “O crescimento econômico começou a desacelerar antes mesmo da incerteza tarifária nos EUA. Isso não é incomum no primeiro trimestre do ano, mas o que é incomum é aumentar a incerteza em torno da política.”
Em entrevista à Fox News no último domingo (9), Trump não descartou uma recessão e um aumento de preços no “período transitório” (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.
Com isso, a Business Roundtable, uma associação sem fins lucrativos composta pelos CEOs das principais empresas dos EUA, marcou uma reunião com Trump nesta terça-feira. A ideia seria pedir uma previsibilidade maior ao presidente norte-americano, sinalizando que a continuidade de uma guerra comercial poderia ser prejudicial à economia do país.
O ‘tarifaço’ de Trump
O presidente norte-americano tem constantemente ameaçado os principais parceiros comerciais do país com a implementação de tarifas de importação, mas também tem recuado de suas medidas com certa frequência.
Na última semana, por exemplo, Trump voltou a isentar as tarifas de 25% anunciadas sobre as importações do Canadá e do México durante um mês. A decisão veio após os dois países prometerem uma série de retaliações aos EUA pelas taxas impostas.
Antes, o republicano já havia adiado as tarifas, após ter feito um acordo com os dois países para que reforçassem a segurança de suas fronteiras.
Já na manhã desta terça-feira, Trump afirmou que vai dobrar a tarifa planejada sobre todos os produtos de aço e alumínio importados do Canadá pelo país, em resposta à província de Ontário, que impôs uma tarifa de 25% sobre a eletricidade exportada para os EUA. Após o anúncio do presidente dos EUA, o premiê de Ontário voltou atrás.
O vai e vem das tarifas de Trump tem aumentado as incertezas comerciais, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas realmente entrarão em vigor e temores de que uma nova guerra comercial afete a inflação e o crescimento dos EUA e de vários outros países pelo mundo.
Agora, a atenção fica com as novas taxas sobre aço e alumínio importados pelos EUA, previstas para entrarem em vigor amanhã. A expectativa é que a medida tenha impacto em vários países do mundo, inclusive para o Brasil.
Agenda de indicadores
Na agenda econômica desta terça-feira, o destaque doméstico ficou com os dados de produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em janeiro, a indústria brasileira registrou uma variação nula — ou seja, de 0% — em relação ao mês anterior, depois de reportar três meses consecutivos de queda. Em relação a janeiro do ano passado, porém, a produção industrial avançou 1,4%, e acumulou alta de 2,9% em 12 meses.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, os números indicam que a indústria brasileira inicia 2025 “em ritmo fraco” e com sinais de que todo o primeiro trimestre pode ser desafiador.
“No geral, esse resultado reforça o cenário de desaceleração gradual da economia, com a indústria ainda enfrentando desafios para recuperar a queda acumulada de 1,2% nos últimos quatro meses”, comenta Igor Cadilhac, economista do PicPay.
Nos EUA, as atenções ficaram com o relatório de emprego Jolts, divulgado pelo Departamento do Trabalho norte-americano.
O documento indicou que as vagas de emprego em aberto no país subiram em janeiro, mas que é provável que a demanda por mão de obra diminua nos próximos meses, em meio a preocupações de que as tarifas e os cortes de gastos do governo dos EUA possam causar uma forte desaceleração na atividade econômica.
*Com informações da agência de notícias Reuters

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