Endividamento das famílias brasileiras foi de 76% em fevereiro; destaque para cartão de crédito

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de fevereiro, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou um aumento no percentual de famílias brasileiras endividadas, que chegou a 76,4% no mês.

O percentual de consumidores com dívidas com cartão de crédito atingiu 83,6%, consolidando-se como a forma mais utilizada de crédito no país.

Além disso, o índice registrou uma leve alta de 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação a janeiro de 2025, mas ainda segue abaixo do patamar de fevereiro de 2024 (77,9%).

Outras formas de endividamento que também pesaram no orçamento das famílias foram carnês de lojas (15,3%) e financiamento de casa (8,6%), mostrando a diversificação do crédito entre diferentes compromissos financeiros.

Apesar da maior contração de novas dívidas, a inadimplência continua em queda, refletindo um movimento estratégico das famílias para renegociar débitos com melhores condições.

Dívidas de longo prazo seguem em queda

Outro dado positivo é a redução no número de consumidores com dívidas atrasadas há mais de 90 dias, que caiu para 48,2% dos endividados, o menor nível desde julho de 2024.

Além disso, a fatia de famílias que comprometem mais da metade da renda com dívidas também caiu, atingindo 20,5%, menor percentual desde novembro de 2024.

Já o percentual de consumidores que não terão condições de quitar os atrasos também caiu, para 12,3% em fevereiro.

Troca de crédito e redução dos juros ajudam no cenário

A redução na taxa média de juros ao consumidor tem incentivado a substituição de dívidas mais caras por outras com melhores prazos e condições.

“A taxa média de juros cobrada aos consumidores apresentou recuo. E isso pode estar fazendo com que as famílias se preocupem mais com os juros pagos pelas contas atrasadas. Desse modo, passam a considerar vantajoso a troca de crédito”, explica José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

O Banco Central também registra um aumento nas concessões de crédito, reforçando a tendência de maior acesso a financiamentos e renegociações.

Esse comportamento indica que as famílias estão dispostas a assumir novas dívidas para sanar compromissos financeiros anteriores.

Percepção de endividamento preocupa

Apesar dos sinais positivos, o estudo alerta para o crescimento na percepção de endividamento.

O percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas” subiu pelo terceiro mês consecutivo, chegando a 16,1%, o maior nível desde setembro de 2024.

Já a parcela que afirma não ter dívidas caiu para 23,5%, apontando para um possível aumento da dependência do crédito.

“As nossas projeções mostram que o endividamento deve continuar aumentando ao longo deste ano, com as famílias sentindo mais confiança em utilizar o crédito para o consumo e a quitação de dívidas antigas, apesar dos juros. Além disso, a inadimplência deve continuar arrefecendo ao longo de 2025”, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

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