Câmbio ‘mais apreciado’ leva XP a cortar projeção da inflação para 6% em 2025

A XP Investimentos cortou a projeção para a inflação brasileira em 2025 de 6,1% para 6%, em linha com o cenário de taxa de câmbio mais apreciada no ano. Segundo os economistas, o câmbio deve fechar 2025 em R$ 6 por dólar — a estimativa anterior era de R$ 6,20.

Caio Megale, economista-chefe da XP, e equipe destacam que o real apresentou bom desempenho em fevereiro, o que pode ser benigno para a inflação prospectiva. No entanto, os riscos permanecem e os efeitos da forte depreciação de 2024 ainda serão sentidos nos preços ao consumidor no curto prazo — “é o que sugerem os preços ao atacado”.

“Continuamos a prever aceleração nos preços de bens industriais em 2025 comparado a 2024. De toda forma, como projetamos agora a taxa de câmbio um pouco mais apreciada, reduzimos um pouco nossa expectativa para a inflação de bens industrializados (de 5,1% para 4,8%)”, dizem.

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Além disso, a XP diminuiu a expectativa para a inflação de alimentos, também devido ao câmbio menos pressionado. “Prevemos que o grupo de alimentação no domicílio subirá 8,6% em 2025 (9,2% no relatório mensal passado), refletindo a taxa de câmbio um pouco menos pressionada”.

A projeção considera aumento expressivo nos preços de proteínas no segundo semestre, refletindo a inversão do ciclo da pecuária e a limitação na oferta de aves. Os preços de bebidas, com destaque ao café, também devem pesar na conta.

Nas últimas semanas, a elevação nos preços dos ovos ao atacado também chamou a atenção dos economistas. “Acreditamos que isso seja um evento pontual: os preços devem atingir um pico em abril, cedendo nos meses seguintes. Assim, não alteramos nossa previsão de alta de 7% para o item em 2025”.

PIB e mercado de trabalho no radar

Os economistas da XP ainda ponderam outros dois pontos que podem impactar a inflação: mercado de trabalho e atividade econômica.

O mercado de trabalho voltou a surpreender positivamente em janeiro, após acomodação em dezembro, revelando novamente altas nas principais métricas salariais — “isso sugere pressões de custos adiante”, dizem.

Além disso, eles mencionam que, apesar do cenário de desaceleração da atividade econômica ao longo deste ano, o componente de hiato do produto positivo até o ano que vem exerce menor influência sobre a composição de preços do que as expectativas de inflação.

As projeções para 2026

Para 2026, a XP manteve a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,5%, em meio à combinação de política monetária contracionista e fiscal expansionista.

Os economistas afirmam que a política monetária ainda apertada deve contribuir para o recuo da inflação no próximo ano. Além disso, o choque altista nos preços de alimentos, especialmente sobre carnes, deve se dissipar.

Já a depreciação cambial esperada para o ano é similar ao já projetado anteriormente. Para o câmbio, a casa cortou a estimativa de R$ 6,40 por dólar para R$ 6,20 para o final de 2026.

“O principal risco é que o ano eleitoral seja marcado por políticas fiscais expansionistas por parte dos governos federais e estaduais, estimulando a atividade econômica para além do projetado e contaminando as expectativas de inflação”, afirmam.

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