Setor logístico alerta: alta do frete vai intensificar inflação no AM e elevar custos do PIM

O custo do frete no Brasil teve um aumento de 2,35% em janeiro, e a tendência de alta deve continuar nos próximos meses, segundo levantamento da Fretebras, uma das principais plataformas de transporte de cargas do país.

Esse cenário se deve principalmente à valorização do diesel S-10, principal insumo do setor de transportes, que impacta diretamente os custos logísticos. 

No Amazonas, onde o transporte fluvial e rodoviário são essenciais para o abastecimento, a alta do frete pode resultar em aumentos expressivos nos preços de alimentos, combustíveis e insumos industriais.

Na refinaria do estado, na semana passada, houve até redução nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras, mas isso não significa uma queda real no valor final para o consumidor.

A gasolina teve um recuo de R$ 0,10 por litro, enquanto o diesel caiu R$ 0,11. Com isso, os postos pagam à Refinaria da Amazônia (Ream) R$ 3,57 pelo litro da gasolina e R$ 3,577 pelo litro do diesel.

No entanto, o preço nas bombas depende de impostos, margem de lucro de distribuidoras e revendedores, além do custo do transporte, que segue pressionado pela alta do diesel.

Assim, mesmo com a leve redução na refinaria, não há garantia de alívio imediato no bolso do consumidor.

Indústria e bens essenciais sentirão os impactos

De acordo com Erasmo Bertolini, presidente do Sindicato das Empresas de Agenciamento, Logística e Transportes (SETCAM), os impactos do aumento do diesel e dos custos operacionais já são sentidos no setor.

“O modal fluvial — predominante na região — e o rodoviário sofrem com o aumento dos combustíveis, que são um dos principais componentes dos custos operacionais. Esse impacto acaba sendo repassado ao consumidor final”, explica Bertolini.

A alta do frete pode comprometer ainda mais a cadeia produtiva e o comércio no estado, uma vez que o Amazonas depende da importação de insumos de outras regiões para abastecer sua economia. Bertolini destaca que setores essenciais já estão sendo impactados.

“Certamente a maioria dos setores será impactada, desde bens de consumo essenciais até a indústria, especialmente o Polo Industrial de Manaus (PIM), que depende essencialmente de insumos vindos de outras regiões”, pontua.

Além do aumento do diesel, a taxa Selic elevada também impacta o custo do frete, encarecendo o financiamento de caminhões e o custo de insumos essenciais, como pneus e manutenção.

Abastecimento do interior do Amazonas e impactos da navegação fluvial

O transporte fluvial, principal meio de abastecimento das cidades do interior do Amazonas, também sofre impactos com a alta dos combustíveis.

No entanto, Dodó Carvalho, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), destaca que, mesmo em cenários críticos, a navegação se manteve como peça-chave na logística da região. “Mesmo em anos críticos de estiagem, como 2023 e 2024, não houve desabastecimento graças à presença constante da navegação na vida do amazônida”, afirma Carvalho.

Apesar disso, ele alerta que o aumento do diesel e a necessidade de mais investimentos em infraestrutura fluvial podem comprometer a eficiência do transporte e elevar ainda mais os custos.

“É fundamental ampliar os investimentos na navegação, pois ela é a espinha dorsal da logística amazônica. Com custos mais altos, o impacto no preço final dos produtos será inevitável”, ressalta.

Inflação e aumento de preços no Amazonas

O impacto do aumento do frete já começa a ser percebido nos preços dos produtos essenciais. O setor de supermercados, a construção civil e o comércio de combustíveis estão entre os primeiros a sentirem a alta dos custos logísticos, que devem ser repassados aos consumidores.

A cesta básica, que já teve reajustes em 2024, pode sofrer novas altas, ampliando o peso da inflação no orçamento das famílias amazonenses.

Além disso, com a possibilidade de novos reajustes na tributação dos combustíveis pelo governo federal, os custos logísticos podem subir ainda mais, pressionando os preços em diversos setores da economia local.

“A população deve se preparar para um período de inflação elevada no Amazonas, com aumentos que já começam a ser sentidos e tendem a se intensificar nos próximos meses, especialmente em setores como alimentos, combustíveis e insumos industriais”, alerta Bertolini.

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