Choque de realidade? Nubank (NU) afunda até 17% após resultados; o que mercado não gostou?

Parecia que o Nubank (NU) ia ter recepção tranquila dos seus resultados. O lucro disparou 85% no ano, acima das projeções, as receitas bateram recordes e a inadimplência, um dos principais pontos de atenção do roxinho, caiu.

Porém, a reação do mercado foi imediada. Já no aftermarket de Nova York a ação derreteu 8%. E como tudo que é ruim pode piorar, a ação afundou mais 15% após a abertura. Por volta das 12h33, a ação tinha queda de 17%.

De acordo com analistas, o problema foi a expectativa. Isso porque alguns analistas acreditam que a ação está esticada, ou seja, cara. Antes do balanço, a ação subia 29%. Até as cifras mostrarem que o Nubank pode crescer menos.

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“A nossa sensação é que os números ficaram um pouco aquém das expetativas, especialmente tendo em conta que a ação subiu 29% no acumulado do ano”, destaca o BTG.

O banco destaca que após mostrar uma importante desaceleração na linha superior no terceiro trimestre, houve uma recuperação neste trimestre, embora a sazonalidade favorável do final do ano, quando as pessoas gastam mais, tenha ajudado.

Margem financeira caiu mais do que devia

Um ponto que chamou a atenção de analistas foi a margem financeira, que caiu mais do que esperado. No trimestre, a linha recuou 70 pontos-base, a 17,7%.

A cifra ficou 10% abaixo do esperado pelo Itaú BBA. De acordo com o próprio Nubank, a queda se deve aos menores rendimentos dos empréstimos, assim como a de carteira de cartões de crédito.

Por outro lado, os custos de financiamento aumentaram como resultado do crescimento dos depósitos no México e na Colômbia.

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“Isso, combinado com a mensagem de que o PIX Financing dificilmente começará a crescer penetração nos próximos 1-2 trimestres, é provavelmente o motivo pelo qual as ações caíram”, disse o BTG.

E por falar em Pix…

O Pix financiamento era uma das modalidades que os investidores apostavam para incrementar as receitas do Nubank.

Ele possibilita que o usuário escolha pagar uma compra ou conta parcelada dentro do próprio sistema do Pix, sem precisar recorrer a cartões de crédito ou boletos.

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De acordo com a mensagem da administração, a fintech está testando diferentes formas para melhorar o NPS/UX (métrica usada para medir a fidelidade e a satisfação do cliente) dos produtos, mas eles não querem criar expetativas sobre se o crescimento será retomado nos próximos trimestres.

“Preferem focar na geração de valor de longo prazo, mesmo que isso atrapalhe os resultados de curto prazo”, diz o BTG.

O que fazer com Nubank?

O Itaú destaca alguns pontos positivos do resultado, como os empréstimos pessoais, a métrica NPL (os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes), além da eficiência.

Além disso, os analistas escrevem que a qualidade do crédito é satisfatória, mas não suficiente para recomendar compra. O problema é o futuro do roxinho. Em um cenário ciclo de crédito desafiador, com a Selic chegando a 15%, o Nubank pode se tornar mais arriscado.

“Outros países, como México e Colômbia, ainda estão prejudicando, embora as métricas dos clientes estejam melhorando”, diz.

Na visão do Safra, a receita do Nu deve desacelerar em 2025, o que é ainda mais evidente agora nos resultados do quarto trimestre, com as taxas de cartão e a receita de juros perdendo força.

“Em nossa opinião, isso reflete uma operação de crédito mais madura e menos escalável no Brasil devido a empréstimos não garantidos, juntamente com um efeito de mix de mais financiamento respaldado pelo FGTS e menor penetração de financiamento PIX devido a menos indivíduos elegíveis
para essa linha de crédito”, diz,

Ademais, como novas iniciativas e geografias não devem impactar o EPS no curto prazo tão fortemente quanto cartões de crédito e empréstimos pessoais, o banco vê risco de queda para o consenso, especialmente os mais otimistas —- alguns com uma diferença de 34% para a mediana do LPA (lucro por ação) em 2027.

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