Desigualdade atinge recorde e escancara abismo social no Brasil

O relatório “Um Retrato das Desigualdades Brasileiras: 10 Anos de Desafios e Perspectivas”, publicado pela Oxfam Brasil, revela um aumento expressivo da desigualdade entre 2014 e 2024.

O estudo destaca que a concentração de renda se intensificou, com os mais ricos ampliando sua fatia da riqueza nacional, enquanto as camadas mais pobres enfrentaram perda de poder aquisitivo.

Os dados indicam que o Índice de Gini, utilizado para medir a desigualdade, subiu de 0,504 antes de 2016 para 0,523 durante os governos Temer e Bolsonaro, demonstrando um retrocesso significativo.

Durante a pandemia da Covid-19, os impactos foram ainda mais severos, com um pico de desigualdade registrado em 2020. Em 2023, o Brasil foi classificado como o oitavo país mais desigual do mundo, segundo o Banco Mundial, com a desigualdade de renda atingindo níveis alarmantes.

O relatório também analisa a desigualdade racial e de gênero, mostrando que mulheres negras foram as mais afetadas pela crise econômica e social.

A precarização do trabalho e o desmonte de políticas públicas de inclusão agravaram a situação desses grupos, aumentando sua vulnerabilidade.

Os rendimentos médios das mulheres negras são 60% inferiores aos dos homens brancos, refletindo uma estrutura socioeconômica que perpetua desigualdades históricas.

Além da renda, o estudo ressalta o impacto da emergência climática na desigualdade social. Regiões mais pobres sofrem desproporcionalmente com eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, aprofundando a crise social e econômica.

Entre 2019 e 2023, 70% das famílias que passaram a viver em situação de extrema pobreza estavam em áreas afetadas por desastres ambientais.

A análise da Oxfam Brasil também evidencia a regressão de políticas públicas voltadas à equidade social. A extinção de conselhos participativos e a redução de investimentos em programas sociais comprometeram os avanços obtidos na década anterior.

Entre 2019 e 2022, o Brasil voltou ao Mapa da Fome, com mais de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave.

A organização recomenda o fortalecimento das políticas de redistribuição de renda, como a valorização do salário-mínimo e a ampliação de programas sociais.

Também destaca a necessidade de uma reforma tributária progressiva para reduzir a carga de impostos sobre os mais pobres e aumentar a tributação sobre grandes fortunas e dividendos, além de investimentos em infraestrutura social e ambiental para reverter a tendência de aumento da desigualdade.

Diante desse cenário, a Oxfam Brasil reforça a importância da democracia e da participação social na formulação de políticas públicas eficazes para combater as desigualdades estruturais no Brasil.

A retomada de espaços de participação popular e a reestruturação de programas sociais são apontadas como medidas essenciais para garantir maior equidade e justiça social nos próximos anos.

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