Assistente social é o maior salário no Instituto Municipal de Mobilidade Urbana

A remuneração da função de Assistente Social do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) chama a atenção ao superar, e muito, os salários de profissionais da área técnica do órgão.

Com média salarial líquida de R$ 23.574, quem ocupa a função recebe mais que o dobro do Diretor-Presidente do órgão, que ganha R$ 10.400 mensais, e supera também os poucos técnicos de trânsito do IMMU.

Esse dado reflete um problema maior: a desvalorização dos profissionais técnicos que atuam diretamente no planejamento, operação e monitoramento da mobilidade urbana em Manaus.

A capital enfrenta um trânsito cada vez mais desafiador, com soluções que não acompanham o crescimento da frota de veículos.

Segundo o Detran-AM, em 2024, Manaus atingiu 988.298 veículos registrados, o que representa 80% de toda a frota do Amazonas, que soma 1,2 milhão. Em relação a 2023, houve um aumento de 52.058 veículos, equivalente a 5,56% de crescimento.

O RealTime1 analisou o quadro de servidores do instituto com base nos dados do site da Transparência, que segue sem atualização e disponibiliza informações apenas até setembro de 2024. Naquele mês, o órgão registrava 681 servidores, entre estatutários e comissionados.

Desses, 430 atuavam diretamente na mobilidade urbana, sendo 333 agentes de trânsito e apenas 97 em funções técnicas.

Isso significa que, excluindo os agentes de trânsito, apenas 14,24% do efetivo são especialistas em mobilidade urbana, enquanto 251 cargos administrativos correspondem a 36,85% do total.

Os dados do Portal da Transparência revelam ainda que as remunerações desses especialistas são inferiores às de funções administrativas, evidenciando a necessidade de revisão dos critérios salariais no instituto.

Entre as menores médias salariais líquidas do IMMU estão os cargos de Analista de Tráfego e Trânsito, com R$ 2.377, Analista de Planejamento e Circulação, com R$ 2.108, e Gerente de Projetos, que recebe apenas R$ 2.270.

Já entre as cinco funções com as maiores médias salariais líquidas no IMMU, apenas uma está diretamente ligada à mobilidade urbana: Desenhista Projetista, com R$ 13.666.

Em comparação, os cargos administrativos apresentam as maiores remunerações médias líquidas: Agente Administrativo P2 (R$ 29.983), Assistente Social (R$ 23.574), Gerente de Finanças e Contabilidade (R$ 17.095) e Chefe de Divisão de Administração (R$ 15.259).

O Diretor-Presidente do IMMU tem uma média salarial líquida de R$ 10.400, menos da metade do que recebem as duas funções administrativas mais bem remuneradas.

Além disso, sua remuneração é equivalente à da função de Vigia do instituto, cuja média salarial líquida é de R$ 10.438.

A discrepância se estende aos cargos de chefia em áreas operacionais

Diretores de departamentos fundamentais para a mobilidade, como os responsáveis pelo Departamento de Projetos de Sinalização Viária (R$ 9.567), Departamento de Projetos e Obras (R$ 9.127) e Departamento de Educação de Trânsito e Estatísticas (R$ 5.600), recebem uma média salarial líquida abaixo do esperado para a responsabilidade de suas funções.

Esses valores são inferiores às médias salariais líquidas das funções de Auxiliar de Serviços Gerais (R$ 9.943) e Pintor (R$ 9.785).

Há ainda distorções entre funções de mesma nomenclatura. Um Analista de Planejamento e Circulação (R$ 2.108) recebe quatro vezes menos que um Analista Contábil (R$ 9.631), que não tem qualquer vínculo direto com a mobilidade urbana.

Cada um dos 333 Agentes de Trânsito, responsáveis pela fiscalização, recebe uma remuneração média líquida de R$ 8.255, valor inferior ao de funções administrativas como Técnico em Contabilidade (R$ 9.775) e Telefonista (R$ 8.319).

No entanto, ex-servidores do IMMU ouvidos pelo RealTime1 afirmam que a baixa quantidade de profissionais e a remuneração limitada dificultam avanços na mobilidade urbana.

Isso porque o instituto não dispõe diariamente dos 333 agentes para cobrir as cerca de 12 mil ruas da capital. Mesmo com 100% do efetivo em serviço, cada agente seria responsável, em média, por 36 ruas, o que compromete a fiscalização e a organização do trânsito.

Diante desse cenário, torna-se necessário reavaliar a distribuição de recursos no IMMU. A única solução viável para esse gargalo é o investimento em inteligência e tecnologia, que, a médio e longo prazo, se mostram mais eficientes e econômicos do que a ampliação do quadro de servidores, considerando desafios como tempo de carreira, substituições, afastamentos por saúde, licenças e férias.

Enquanto o investimento em tecnologia requer manutenção, seu custo-benefício é superior à dependência exclusiva de recursos humanos.

Prefeito pretende mudar a engenharia de trânsito para outra secretaria

Durante coletiva de imprensa na segunda-feira (10/2), durante a abertura das atividades da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) anunciou que vai tirar a engenharia de trânsito do IMMU para a secretaria de infraestrutura (Seminf), comandada pelo vice-prefeito Renato Jr (Avante).

De acordo com o prefeito, essa e outras medidas farão parte da reforma administrativa que será encaminhada à Casa Legislativa ainda em fevereiro. 

Confira a remuneração média bruta e líquida dos cargos do IMMU:

Instituto Municipal de Mobilidade Urbana

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