Emo e Hardcore juntos: Fake Number e Dead Fish falam sobre a aguardada I Wanna Be Tour 2025

Fake Number e Dead Fish falam ao TMDQA! sobre a I Wanna Be Tour 2025
Fotos via Divulgação

Há alguns dias, o anúncio do line-up da I Wanna Be Tour 2025 balançou os fãs de Emo e Pop Punk no Brasil. Além de grandes atrações internacionais como Fall Out Boy e Good Charlotte, no entanto, chamou a atenção a escalação nacional, que contou com algumas surpresas – como uma inesperada reunião do Fake Number e o Hardcore do Dead Fish marcando presença.

O festival que acontecerá em Curitiba (23/08 – Estádio Couto Pereira) e São Paulo (30/08 – Allianz Parque) confirmou ainda a presença de nomes como YellowcardThe Maine e Fresno, dando sequência a uma estreia de sucesso em 2024 que contou com Simple Plan, A Day to Remember, NX Zero e muito mais.

Mais do que um encontro de fãs, a I Wanna Be Tour representa um reconhecimento para bandas que enfrentaram uma verdadeira “guerra” quando o movimento Emo ganhou força no Brasil. Lívia Elektra, da Fake Number, falou com o TMDQA! sobre a emoção que está ligada a tudo que foi construído na trajetória da banda e de seus colegas de cena:

“É emocionante ver a cena Emo/Pop Punk ganhando essa proporção novamente no mundo e no Brasil. Poder fazer parte de um evento que reúne tanta gente apaixonada pela música que marcou uma geração é muito especial. Pra nós, que fomos uma das primeiras bandas emo de vocal feminino, é muito importante estar mais uma vez trazendo representatividade, especialmente depois de tanto tempo. Esse reconhecimento valida tudo o que construímos e nos enche de orgulho de termos contribuído para a cena de maneira tão especial.”

Continua após o vídeo

O Emo e o Hardcore juntos

Se hoje esta cena é capaz de levar uma multidão a estádios pelo Brasil, é graças a uma batalha árdua de quem estava lá nos Anos 2000. Especialmente por aqui, o movimento Emo lidou com bullying online e offline por tudo que acompanha a sonoridade, da estética às roupas, passando também pela forma de se comunicar e tantos outros fatores.

Também em conversa com o TMDQA!, Rodrigo Lima, icônico vocalista do Dead Fish, faz um mea culpa ao ser questionado sobre a presença de uma banda de Hardcore em um festival como esse. Ainda que hoje o cantor entenda que o Emo e o Hardcore vieram de lugares muito parecidos, ele admite que nem sempre foi assim:

“Hoje, com o devido afastamento da idade e do tempo da banda, não sei se isso seria um intercâmbio, acredito que são galhos de uma mesma árvore. Lá atrás, no começo dos anos 1990/2000, achava que a intersecção de tudo isso era Rites of Spring, Mineral e até o Hateen. Temos que ser generosos com a nossa categoria, mesmo que a gente não tenha, de repente, o mesmo discurso, no fim das contas, a raiz de tudo é o punk rock, é o hardcore e tudo mais. E música, mesmo não sendo com o mesmo viés letrístico que o meu, são músicas questionadoras e que falam para gerações. Custei muito tempo para entender as questões geracionais, até fui meio chato num dado recorte de tempo ali no começo dos anos 2000, mas acho que foi interessante, porque percebi que existem outras vozes, outras letras, outras questões.

Sempre politizado, Rodrigo também explica como as mudanças políticas do Brasil afetaram a percepção da cena:

“Trazendo para o meu lado, existem outras questões políticas muito fortes geracionais. A minha geração viveu hiperinflação, já quem ouviu Fresno e Fake Number, pegou uma economia mais estável, mas viveu a distopia de 2013, onde o futuro era genial com a Dilma Rousseff, e aí houve o golpe, e hoje tá todo mundo trabalhando plataformizado, triste, deprimido. Depois vem a geração Z, que entendo menos ainda, mas eu tô ali de olhos e ouvidos abertos.”

Se por um lado a escalação do Dead Fish pode parecer inicialmente um pouco deslocada, basta ter ido a algum dos shows da banda nos últimos anos para perceber que o grupo tem se conectado tanto com o público mais jovem, que seria o alvo da I Wanna Be Tour, quanto com aqueles que os acompanham há décadas.

Continua após o vídeo

Isso é resultado de uma fase incrível do grupo, que lançou em 2019 um dos melhores discos da carreira, o essencial Ponto Cego, e conseguiu se manter em alto nível no ano passado com o álbum Labirinto da Memória. A conexão ganha força através das letras afiadas, ainda que os dois trabalhos tenham abordagens muito diferentes, como Rodrigo explica:

“‘Labirinto da Memória’ é um álbum absolutamente diferente de ‘Ponto Cego’. Costumo dizer que ‘Ponto Cego’ é política dos olhos para fora, para fotografia, já ‘Labirinto da Memória’ é uma ressonância magnética do olho para dentro, para lembrar o que está debaixo da nossa derme, dentro das nossas memórias, dentro das nossas frustrações, dentro das nossas relações, das nossas conexões pessoais e amorosas, até diria.”

Continua após o vídeo

A música e seu poder transformador

A presença tanto de Dead Fish quanto de Fake Number é um atestado de que a I Wanna Be Tour está pronta para celebrar diferentes gerações que marcaram o Emo, Pop Punk e além. Não à toa, grupos que também não necessariamente se encaixam em um rótulo específico, como o Forfun, também estão no line-up.

Essa diversidade musical é um contraponto à realidade sociopolítica em muitas questões, o que transforma mais do que nunca em uma ferramenta de mudança, como destaca Rodrigo ao ressaltar que também passa por um processo de adaptação para entender como posicionar o Dead Fish no mercado atual:

“Sendo bem otimista, é um momento musicalmente muito bom. Acho que nunca vivi uma estrutura de música tão boa na minha vida, uma ciência de tudo que eu tô fazendo musicalmente e profissionalmente. Tem mais gerações chegando, e o Dead Fish, inacreditavelmente, consegue se renovar em algum nível. Sendo bastante realista, enquanto tem muito mais gente ouvindo Dead Fish, tem um zilhão ouvindo toda aquela distopia de terra planista, neo-fascista, homofóbica, anti-vax e xenofóbica. Então, pra gente andar mais pra frente nisso aí, temos que nos tornar mais das massas e eu não vejo uma saída fácil, porque se tornar muito mais das massas no Brasil, em éticas brasileiras de discurso, é você ser menos duro na escrita. “

Na mesma linha da importância da música para as pessoas, Elektra comenta que a decisão de retornar com a Fake Number neste momento é bastante conectada ao fato das músicas da banda carregarem “muita verdade e emoção”, algo que sempre continuará relevante:

“Acho que nossas músicas carregam muita verdade e emoção. Elas falam de sentimentos e situações pelas quais todo mundo passa, e isso cria uma identificação muito forte. Além disso, a nossa geração, que viveu o emo ali muito presente naquela época, se entregou de verdade para os sentimentos, só quem viveu aquela época sabe o quanto foi incrível. Todos nós sentimos saudade, e acho que isso ajuda a manter tudo vivo, mesmo depois de tanto tempo.”

Continua após o vídeo

A celebração na I Wanna Be Tour 2025

Todos esses fatores se somam para transformar a I Wanna Be Tour 2025 em uma grande celebração da música, indo além dos rótulos dados a essas bandas e cenas ao longo dos anos. É claro que a “tribo” Emo e Pop Punk sai privilegiada, mas o recado de todas as bandas é claro: todos são bem-vindos.

De Fake Number a Dead Fish, passando por Fall Out Boy, Forfun, Yellowcard e muito mais, a I Wanna Be Tour 2025 é prova de que o impacto dessas bandas vai muito além do que muitos imaginaram. Se alguém pensou que em 10 anos toda essa cena seria irrelevante, esta é mais uma oportunidade de perceber que errou feio. Elektra explica melhor ao contar por que a Fake Number se reuniu para o festival:

“A gente sentiu que era hora de reescrever o final da Fake Number, agora mais maduros e com muita saudade de subir nos palcos. Em todos os lugares que eu vou, as pessoas perguntam da banda e compartilham histórias cheias de carinho. Sempre fico surpresa com o impacto que nossas músicas tiveram, e depois de tanto tempo, não tinha mais como fugir desse reencontro.”

Não tem mesmo como perder essa, né?! Você pode garantir seu ingresso agora mesmo clicando aqui.

OUÇA AGORA MESMO A PLAYLIST TMDQA! ALTERNATIVO

Clássicos, lançamentos, Indie, Punk, Metal e muito mais: ouça agora mesmo a Playlist TMDQA! Alternativo e siga o TMDQA! no Spotify!

O post Emo e Hardcore juntos: Fake Number e Dead Fish falam sobre a aguardada I Wanna Be Tour 2025 apareceu primeiro em TMDQA!.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.