Pesquisa brasileira: bactéria converte plástico em bioplástico

Pesquisadores brasileiros conseguiram obter resultados positivos ao explorar o potencial de microrganismos para a degradação de plásticos e a produção de bioplásticos.

Em um estudo publicado no periódico Science of the Total Environment, cientistas da Universidade de Sorocaba (Uniso), Unicamp e UFABC avançaram no entendimento de enzimas e vias bioquímicas que permitem a decomposição de plásticos como o polietileno (PE) e o tereftalato de polietileno (PET).

Entre os resultados mais notáveis está o Pseudomonas sp BR4, um microrganismo capaz de decompor PET e produzir polihidroxibutirato (PHB), um bioplástico de alta qualidade.

A pesquisa se concentra no uso de microorganismos para transformar plásticos em biopolímeros sustentáveis, como o PHB, que pode ser utilizado para a fabricação de embalagens ecológicas e em aplicações biomédicas.

O PHB desenvolvido é mais flexível e resistente do que o PHB puro, uma característica importante para seu uso industrial.

O papel dos microorganismos

A partir de amostras de solo contaminado por plásticos, os cientistas conseguiram identificar comunidades microbianas capazes de degradar plásticos.

A análise metagenômica dessas comunidades revelou novos microrganismos e enzimas associadas à decomposição de polímeros.

“Essas comunidades microbianas se destacam por suas interações cooperativas entre bactérias e vias bioquímicas especializadas na degradação de plásticos”, explicou o coordenador da pesquisa, Fábio Squina, professor da Uniso.

A sequenciação de genomas das bactérias presentes nas comunidades revelou não apenas espécies já conhecidas, mas também novas variedades com potencial para quebrar os polímeros plásticos.

O estudo identificou um microrganismo que não apenas decompõe o PET, mas também produz PHB, um bioplástico que pode substituir os plásticos tradicionais, com aplicações sustentáveis.

Impacto na produção de bioplásticos

Este avanço pode ajudar a reduzir a poluição plástica, um dos maiores desafios ambientais da atualidade. A cada ano, aproximadamente 350 milhões de toneladas de plástico são produzidas, com 40% disso sendo destinado a embalagens.

A pesquisa revela que a reciclagem tradicional não resolve totalmente o problema, pois os plásticos reciclados possuem propriedades inferiores e são descartados rapidamente.

A solução encontrada pelos pesquisadores poderia representar uma alternativa viável ao modelo de produção de plástico atual, oferecendo um ciclo de vida mais sustentável para os materiais.

A abordagem pode ser aplicada em outros tipos de plásticos resistentes, com os cientistas explorando a possibilidade de aprimorar os microrganismos e enzimas para lidar com plásticos mais difíceis de decompor.

Além disso, os microrganismos também podem ser utilizados para produzir outros compostos químicos, com potenciais aplicações na agricultura, cosméticos e indústria alimentícia.

Apesar dos resultados promissores, o estudo ainda requer mais investigações para validar essas descobertas em condições ambientais reais.

Além disso, os cientistas buscam aprimorar a capacidade dos microrganismos para maximizar a eficiência de degradação de plásticos e otimizar seu uso na produção de bioplásticos.

Segundo levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o plástico representa 85% dos resíduos nos oceanos, e a quantidade de plástico no mar deverá quase triplicar até 2040.

Essa realidade coloca a pesquisa em bioplásticos como um passo importante para reduzir o impacto da poluição plástica e suas consequências para o ambiente marinho e para a saúde humana.

Com os governos ainda em busca de soluções definitivas para a crise do plástico, iniciativas como esta, que investigam o uso de biotecnologia para tratar o problema, são essenciais para encontrar alternativas mais sustentáveis e eficazes.

*Com informações da Agência Fapesp

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