Justiça nega recuperação judicial de empresa que deixou estudantes de medicina, direito e odontologia sem festa de formatura em MT


Empresa informou que está passando por dificuldades financeiras, mas que não pretende encerrar as atividades, ou fugir das obrigações legais. Mais de 100 denúncias foram recebidas, diz polícia. Festa de formatura: Alunos denunciam que dono de empresa desapareceu em Cuiabá
A Justiça de Mato Grosso negou o pedido de recuperação judicial da empresa que deixou universitários de diversos cursos superiores, entre eles medicina, direito e odontologia, sem festa de formatura. A decisão foi assinada pelo juiz Márcio Aparecido Guedes nessa segunda-feira (3).
Em uma nota divulgada na última sexta-feira (31), a empresa Imagem Evento informou que está passando por dificuldades financeiras e, por isso, entrou com um pedido de recuperação judicial, mas que não pretende encerrar as atividades, ou fugir das obrigações legais.
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De acordo com o juiz, a empresa demonstrou “desleixo” ao não apresentar todos os balanços patrimoniais, relatório de passivos fiscais, certidões imprescindíveis, relação de bens particulares dos sócios, extratos atualizados das contas bancárias, entre outros da lista de documentos solicitados.
O documento aponta ainda, que o valor da causa indicado pela empresa está em completo desacordo com a realidade, tendo atribuído à causa o valor de R$ 1.500 a um passivo milionário.
O juiz também considerou contraditório o fato da empresa ter solicitado recuperação judicial, ao mesmo tempo em que cancelou eventos que seriam essenciais para manter o próprio negócio.
Após analisar os pontos citados, o juiz negou a solicitação, alegando que “a empresa não preenche o mínimo dos requisitos essenciais para o deferimento do processamento da recuperação judicial e não encontra resquícios de realidade com o noticiado na inicial”.
Entenda o que é a recuperação judicial e como ela funciona
O que diz os estudantes
Estudantes da 15° turma de medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso, em Cáceres
Reprodução
A Polícia Civil informou que já recebeu mais de 100 denúncias contra a empresa. Até o momento, não há um valor estimado do prejuízo total, já que mais de 17 turmas foram lesadas.
Em entrevista ao g1, a estudante de medicina pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) de Cáceres, Alana Gosch, disse que somente a turma dela sofreu um prejuízo de R$ 307 mil, fora os gastos pessoais de cada aluno.
Já a estudante de odontologia Eduarda Santana, de 21 anos, que estuda em uma universidade particular de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, disse que ela e a irmã investiram cerca de R$ 46 mil.
“Estamos todos arrasados com a notícia [do cancelamento da festa], porque fomos pegos de surpresa, não só na parte financeira, mas também no emocional. Fomos atrás de vestido, marcamos maquiagem, fizemos lembrancinhas. Foram 4 anos de espera pra acontecer isso 15 dias antes da festa”, disse.
Ao g1, os estudantes disseram não ter nenhum retorno por parte da empresa sobre uma possível remarcação dos eventos. Algumas turmas estão fazendo vaquinhas online para arrecadar dinheiro para a realização das festas.
O delegado responsável pelo caso, Rogério da Silva Ferreira, disse que tentou localizar os proprietários da empresa, mas sem sucesso. Nessa segunda, a empresa divulgou uma nova nota informando que os proprietários tiveram que deixar Cuiabá por estarem sofrendo ameaças de morte.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor de Cuiabá.
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