Mulher que pediu demissão para pedalar do litoral de SP à Bahia retorna após 3 meses: ‘não queria mais parar’


Elza Pereira de Lima, de 34 anos, realizou o sonho de conhecer a Chapada Diamantina (BA). Elza chegou na Chapada Diamantina (BA) em janeiro, após mais de três meses do início da viagem
Arquivo pessoal
“Mal terminou e já estou com saudades”. A frase é de Elza Pereira de Lima, de 34 anos, moradora do litoral de São Paulo, que viajou de bicicleta até a Chapada Diamantina (BA). Ela partiu de casa em 1º de outubro de 2024, pedalando por mais de 70 cidades e povoados, e concluiu sua jornada com o retorno de ônibus na última segunda-feira (27).
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“Estar na bike é um mergulho nu no mundo e dentro de nós mesmos. E confesso que não queria mais parar a viagem, mas foi preciso voltar, por enquanto. Futuramente, quero conhecer todos, ou quase todos os estados do Brasil. Continuar de onde parei”, disse ao g1.
Elza mora com a mãe em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá (SP). Ela trabalhava como assistente administrativa em um escritório de engenharia civil e também na área comercial de uma empresa de engenharia elétrica, mas largou tudo para realizar o grande sonho de visitar a região serrana na Bahia.
Elza na Rodoviária do Jabaquara, em São Paulo, aguardando ônibus para Guarujá (SP)
Arquivo pessoal
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Para conseguir se manter durante a viagem, que durou pouco mais de três meses, Elza trabalhou em estabelecimentos como uma choperia e uma pousada.
Elza finalizou o trajeto em Vale do Capão (BA), cidade na região da Chapada Diamantina onde chegou em 18 de janeiro.
Na volta para o estado de origem, ela pegou um ônibus em Seabra (BA) para o Terminal Rodoviário Tietê, na capital paulista, na madrugada de domingo (26). De lá, seguiu para o Jabaquara e pegou um novo ônibus, na noite de segunda-feira, para Guarujá.
“Já havia pessoas me esperando, e também precisaria de um tempo para levantar recursos financeiros. Para eu não voltar [de ônibus], precisaria verificar locais no caminho para trabalhar, o que tornaria a viagem mais longa. Mas, futuramente, pretendo fazer mais longa”, contou.
Experiência
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Para Elza, o caminho até a Chapada Diamantina foi a verdadeira experiência da viagem. O percurso, inclusive, foi tão significativo quanto a chegada.
“O caminho até lá construiu o gosto de superação e de alcance, e a leveza com que a viagem foi levada… A leveza nos momentos desafiadores permitiu com que essa chegada fosse de muita alegria!”, contou.
Cidade mais bonita
Catas Altas (MG) tem clima pacato, característica que Elza aprecia
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Questionada sobre qual cidade achou mais bonita, achou difícil responder. Levou, então, em conta o gosto por pequenas cidades “com clima de povoado”. A mineira Catas Altas, onde Elza passou uma única noite em dezembro, acabou levando o prêmio.
“Além de reunir uma arquitetura histórica junto a um horizonte de montanhas, também entrega o clima pacato com gosto de povoado. Pelo menos, foi a impressão que tive em minha rápida estadia no local”, afirmou a mulher.
Elza não encontrou cidades feias pelo caminho, mas algumas sem muitos atrativos, como, por exemplo, São Sebastião da Vitória (MG) – onde ficou alguns dias em outubro. Ela a definiu como uma “pequenina cidade num retão de pista”, já que a pista da estrada cruza o meio do município.
Pensou em desistir?
Elza em Tiradentes (MG), à esquerda, e acampamento no Vale do Capão (BA)
Arquivo pessoal
No começo da viagem, Elza se perdeu na Estrada Real, na região de Itamonte de Minas Gerais. Naquele momento, pensou em desistir por sentir muito medo de estar perdida sem saber como encontrar o caminho de volta, questionou-se a respeito de continuar ali e sentiu muita falta da família. No outro dia, porém, já descansada, continuou a caminhada. “Ainda bem”, disse.
Valeu a pena?
Elza na rodoviária de Seabra (BA), onde embarcou para retornar ao litoral de SP
Arquivo pessoal
Segundo a viajante, a viagem foi uma das melhores coisas que ela pôde viver. Apesar de admitir que estar exposta tem seus riscos, também a permitiu fazer parte de todos os lugares pelos quais passou.
“E fazer parte de um pequeno momento de vida das pessoas que cruzei, que me cederam ajuda, que me contaram de suas histórias, que me desejaram bênçãos, pude fazer parte das manifestações da natureza entre frio, chuva, calor e sentir meu corpo reagindo a tudo. Pulsando vida a tudo”, afirmou.
Outro benefício para Elza foi a chance de, pausadamente, apreciar as paisagens e parar a hora que desejasse para observá-las um pouco mais. Além disso, pôde sentir os medos e angústias com o passar das pedaladas, acompanhada do “bom dia” e “coragem” que as pessoas desejavam a ela no caminho.
Veja as cidades e povoados percorridas por Elza, saindo de Guarujá:
Bertioga (SP)
Mogi das Cruzes (SP)
Taubaté (SP)
Aparecida (SP)
Guaratinguetá (SP)
Cachoeira Paulista (SP)
Cruzeiro (SP)
Passa Quatro (MG)
Itanhandu (MG)
Itamonte (MG)
Pouso Alto (MG)
São Sebastião do Rio Verde (MG)
São Lourenço (MG)
Caxambu (MG)
Baependi (MG)
Cruzília (MG)
São Thomé das Letras (MG)
São Bento Abade (MG)
Luminárias (MG)
Carrancas (MG)
Povoado Capela do Saco (MG)
Caquende (MG)
São Sebastião da Vitória, distrito de São João Del-Rei (MG)
Goiabeira (MG);
São João Del-Rei (MG);
Santa Cruz de Minas (MG);
Tiradentes (MG);
Vilarejo de Bichinho (MG);
Lagoa Dourada (MG);
Entre Rios de Minas (MG);
Povoado de Pequeri (MG);
São Brás do Suaçuí (MG);
Congonhas (MG);
Lobo Leite, distrito de Congonhas (MG);
Ouro Branco (MG);
Ouro Branco, distrito de Itatiaia (MG);
Ouro Preto (MG);
Mariana (MG);
Catas Altas (MG);
Santa Bárbara (MG);
Barão de Cocais (MG);
Cocais, distrito de Barão de Cocais (MG);
Itabira (MG);
Santa Maria de Itabira (MG);
São Pedro do Suaçuí (MG);
Santa Maria do Suaçuí (MG)
Capelinha (MG);
Minas Novas (MG);
Dores de Guanhães (MG);
Guanhães (MG);
Virgem da Lapa (MG);
Coronel Murta (MG);
Rubelita (MG);
Salinas (MG);
Taiobeiras (MG);
São João do Paraíso (MG);
Cordeiros (BA);
Condeúba (BA);
Guajeru (BA);
Malhada de Pedras (BA);
Brumado (BA);
Dom Basílio (BA);
Livramento de Nossa Senhora (BA) – uma das portas de entrada para a Chapada;
Rio de Contas (BA);
Jussiape (BA);
Abaíra (BA);
Piatã (BA);
Boninal (BA),
Seabra (BA);
Palmeiras (BA);
Vale do Capão, região de Palmeiras (BA) – onde Elza finalizou a viagem.
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